Regina Sousa considera estranha a permissão para apenas uma emissora transferir a sua concessão e buscar novos sóciosUm decreto do interino Michel Temer autoriza a transferência indireta da concessão de serviço de radiodifusão de sons e de imagens da Globo nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. Para a senadora Regina Sousa (PT-PI), o fato de que o texto beneficia unicamente uma emissora leva a crer que se trata do pagamento de uma dívida.
“A gente pode deduzir que é uma fatura, já que a Globo teve um papel fundamental nessa história toda que está acontecendo neste País, de afastamento da Presidenta”, declarou a senadora, em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (29). Ela considera estranha a permissão para apenas uma emissora transferir a sua concessão e buscar novos sócios. Além disso, alertou, o prazo de 60 dias é muito oportuno: “vai dar tempo para fazer isso”.
Segundo a senadora, parece evidente a troca de favores. “Por que só para a Globo? Primeiro, a Globo está autorizada a transferir a sua concessão. É claro que ela não vai transferir totalmente, mas deve estar buscando sócios para as suas concessões. Por que não as outras emissoras? “, perguntou Regina.
Ela também leu o artigo do jornalista Elio Gaspari, intitulado “Há Golpe”. O texto comenta a entrevista da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), líder do governo tampão, que declarou claramente não ter havido pedalada nem nada que justificasse o afastamento da presidenta além de “um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar.”
Diz o jornalista: “Paralisia, falta de rumo e incapacidade administrativa podem ser motivos para se desejar a deposição de um governo, e milhões de pessoas foram para a rua pedindo isso, mas são insuficientes para instruir um processo de impedimento”.
Gaspari compara o processo que foi articulado contra a presidenta democraticamente eleita ao “basta” do general Orlando Geisel e diz que os decretos assinados pela presidente poderiam até embasar o impedimento, “mas esse critério derrubaria todos os governantes, de Michel Temer a Tomé de Souza”.
A senadora finalizou com a conclusão do conceituado articulista: “Não é um golpe à luz da lei, mas nele há um golpe no sentido vocabular. O verbete de golpe no dicionário Houaiss tem dezenas de definições, inclusive esta: “ato pelo qual a pessoa, utilizando-se de práticas ardilosas, obtém proveitos indevidos, estratagema, ardil, trama”.
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