Para senadores do PT, Casa cumpriu seu papel ao cassar Demóstenes

O senador Jorge Viana (PT-AC) avaliou que a sessão do Senado, desta quarta-feira (11/07), não foi das mais felizes da Casa do ponto de vista da intimidade de cada parlamentar, mas ele acredita que a Casa cumpriu o seu papel. “Ninguém está aqui para cumprir o papel de juiz ou de membro de tribunal. Está aqui para pensar soluções para os problemas do País, mas o Senado cumpriu seu papel e a expectativa da sociedade foi atendida baseada no relatório do senador Humberto Costa que foi imparcial, competente e difícil de ser feito tendo em vista o julgamento de um colega”, afirmou.

Jorge Viana lembrou, inclusive, que o relatório de Humberto Costa (PT-PE) recomendando a cassação foi aprovado por unanimidade pelos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. “Ele (Humberto Costa) foi absolutamente correto, ético e justo com o senador Demóstenes. Mas hoje o Senado perdeu um dos mais influentes e talentosos membros, o mais influente líder da oposição que foi cassado por uma ampla maioria”.

Para Viana, o placar elástico não chegou a lhe surpreender, até porque já era esperado que os parlamentares votassem a favor da cassação, embora ele considere que a própria cassação coloca em xeque a ação parlamentar. “O parlamentar vive do que fala e o que mais falava era Demóstenes. E o que era o mais ouvido acabou indo para o banco dos réus e agora cassado. É uma situação que de alguma maneira expõe ainda mais a ação de quem vive na política, e quem vive na política não pode distanciar suas atitudes da vida daquilo que se fala”, salientou, citando uma passagem bíblica de Rei Davi que reflete esse dia histórico do Senado: “guarda a tua língua e livrarás tua alma de muitas angústias”.

A mesma opinião tem o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que ao considerar gravíssima a sessão para cassar um mandato conferido pelo povo, afirmou que diante desta responsabilidade, a situação, na qual ficou evidenciada a quebra do decoro parlamentar, não poderia ser diferente. “Acho que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Demóstenes Torres procuraram realizar uma defesa alentada. Em muitos pontos foram competentes, mas ainda assim não o suficiente ao ponto de nos persuadir”, disse. “Eu digo abertamente que votei sim de acordo com os pareceres dos senadores Humberto Costa e Pedro Taques (PDT-MT). Mas foi uma decisão muito difícil por parte de todos nós”, comentou.

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Para Humberto Costa, o trabalho feito para identificar se houve ou não a quebra do decoro parlamentar conseguiu com imparcialidade e com cuidado, baseado em fatos concretos, chegar ao convencimento do plenário. “Não é um momento fácil para nenhum de nós. Ninguém fica feliz em cassar um colega de trabalho, mas infelizmente os fatos falaram mais do que os argumentos da defesa”, salientou.

Humberto Costa acredita que o Senado entendeu que era necessário em nome da democracia e da preservação da imagem da Casa que essa decisão fosse tomada.

Marcello Antunes

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