Era uma vez um governador que não cumpriu metas fiscais durante todo o seu mandato de quatro anos. Era uma vez o mesmo governador que incluiu em sua relação das despesas obrigatórias com Saúde que a Constituição determina a compra de vacinas para cavalos e os recursos que enviou para a empresa de saneamento, um cabide de empregos clássico usado pelos governos do PSDB. Era uma vez o mesmo governador que também descumpriu a exigência da Constituição com investimentos em Educação.
O nome do governador das histórias chama-se Antonio Anastasia, cria de um dos principais promotores do golpe contra a Constituição embutido no pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, Aécio Neves. As práticas ilegais de Anatasia seguem o padrão de outros governadores do PSDB, como de São Paulo e do Paraná, a maquiagem a burlas à Responsabilidade Federal com manipulações diversas, inclusive o calote, como o que acontece com a Companhia do Metrô de São Paulo, de acordo com o noticiário desta quarta-feira (04).
Anastasia, assim como Beto Richa (governador do Paraná) e Geraldo Alckmin (São Paulo), teria de ser alvo de impeachment pelos desvios e por descumprimento à lei, certo?
Errado. Todos são governadores do PSDB, acima da lei e muito distantes do foco do Ministério Público, sem coragem para esse enfrentamento.
Anastasia, que hoje é senador, tornou-se relator da comissão do impeachment, não se importando com o fato de que o golpe começou em seu partido e que sua avaliação como relator estaria irremediavelmente comprometida.
Antônio Anastasia (PSDB-MG), govenador do estado entre 2011 e 2014, não cumpriu metas fiscais durante todo o seu mandato. Levado à relatoria do impeachment, apresentou um texto de 126 páginas para tentar justificar o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. “Em face do exposto, a denúncia apresenta os requisitos formais exigidos pela legislação de vigência, especialmente pela Constituição Federal, para o seu recebimento”, encerra o documento.
Nenhuma surpresa.
Como disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) inúmeras vezes, a Comissão Especial do Impeachment não passou de um jogo de cartas marcadas.
Interessante observar que o relator se preocupou com as acusações dos golpistas e ignorou provas e argumentos apresentados pelas opiniões em contrário, fazendo jus ao serviço para o qual foi guindado ao posto. Uma de suas afirmações escritas no relatório explicam por que o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) tanto os irritou ao classificar de “cinismo” o que mais se assiste na comissão do impeachment.
“Cabe refutar as insistentes e irresponsáveis alegações, por parte da denunciada, de que este processo de impeachment configuraria um ‘golpe. Nunca se viu golpe com direito a ampla defesa, contraditório, com reuniões às claras, transmitidas ao vivo, com direito à fala por membros de todos os matizes políticos, e com procedimento ditado pela Constituição e pelo STF”, disse Anastasia, sem ficar vermelho.
Giselle Chassot e Alceu Nader