Consciência negra

Parem de sabotar os sonhos do povo negro, pede Regina

Em discurso no Senado, Regina Sousa denuncia que qualquer tentativa de democratizar benefícios reservados à elite, é rechaçada por pessoas e órgãos a serviço dos privilégios
Parem de sabotar os sonhos do povo negro, pede Regina

Foto: Alessandro Dantas

A senadora Regina Sousa (PT-PI) discursou nesta terça-feira (20), em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra. Ela lembrou que a data foi escolhida por coincidir com o dia do assassinato do líder Zumbi dos Palmares, no ano de 1.695, mas disse que mortes como a do líder quilombola continuam a acontecer atualmente, pois qualquer revolta ou rebelião contra sistemas opressores, pode ser classificada como atentado à segurança nacional, o que libera as polícias ou as milícias, como eram os bandeirantes, a reprimirem com violência, prender, torturar e matar”.

A senadora relacionou que, depois da morte de Zumbi, os negros conquistaram as leis dos Sexagenários, do Ventre Livre e a própria Abolição, “mas nada disso trouxe liberdade verdadeira, autonomia econômica e respeito da sociedade ao legado do povo negro. “Nunca alcançamos o status da igualdade social, e somos vistos com desprezo pela sociedade, por causa da imagem preconceituosa que a elite branca brasileira construiu a nosso respeito”, conclui.

Regina afirmou que qualquer tentativa de furar os bloqueios da estrutura “hermética” que protege os privilégios da elite, democratizando-os e tornando-os acessíveis ao restante da sociedade, é ridicularizada, rechaçada e desidratada pelas pessoas e órgãos que definem os orçamentos dos governos, e os beneficiários são criminalizados, como se estivessem se apropriando de algo que não é seu.

“É exatamente isso o que acontece com as leis de cotas raciais; as leis de reconhecimento de territórios tradicionais para os negros e negras; ou a implementação de simples políticas públicas de transferência de renda para as pessoas mais pobres da nossa sociedade, onde estão as negras e negros”, disse.

“Construímos escolas e universidades, e nossos filhos não podem estudar nelas; fabricamos carros modernos e só podemos nos aproximar deles como lavadores ou guardadores; levantamos hospitais que não nos atendem”, exemplificou.

A parlamentar piauiense encerrou seu discurso fazendo um apelo para que os demais senadores, “muitos dos quais herdeiros da elite escravocrata”, não dificultem a tramitação de leis e políticas públicas que levem à diminuição das desigualdades. “Façam isso por justiça, percebam que a discriminação nunca foi aceitável e não tem mais lugar nos dias de hoje. Não queremos presentes, mas que nossa trajetória de trabalho e lágrimas na construção desse grande país seja reconhecida, que nossos esforços por igualdade não sejam sabotados, como ocorre todos os dias”.

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