Comumunicado oficial da EuroLat
condena “assédio judicial” a LulaA situação política do Brasil é motivo de preocupação para a Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EurolLat), organismo que congrega representantes dos Parlamentos da América Latina e da União Europeia e atuam na integração e cooperação entre as duas regiões. Para a Eurolat, “o processo de destituição (impeachment) da ex-presidenta Dilma Rousseff despertou dúvidas na opinião pública internacional e se revela incapaz de unificar e conciliar o País”.
Em comunicado divulgado após reunião em Montevidéu (Uruguai) realizada entre 19 e 22 de setembro, a EuroLat condena “a repressão injustificada das manifestações pacíficas, o indevido uso político do necessário combate à corrupção, a perseguição a membros do antigo governo e o assédio judicial ao ex-presidente Lula”. O documento, assinado pelos co-presidentes da organização — o brasileiro Roberto Requião (PMDB-PR), pelo Parlasul, e Ramón Jáuregui Atond, pelo Parlamento Europeu — recomenda ainda a “maturidade e tranquilidade a todas as forças políticas do Brasil para que esse país reencontre o caminho do desenvolvimento com justiça social”.
A Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana realizou sua nona Sessão Plenária Ordinária em Montevidéu esta semana. A EuroLat é composta por 150 membros, 75 deles do Parlamento Europeu e outros 75 integrantes representam o Parlatino (Parlamento Latino-Americano), Parlandino (Parlamento Andino), Parlacen (Parlamento Centro-Americano) e o Parlasur (Parlamento do Mercosul), com participação, ainda, dos Congressos Nacionais do México e do Chile.
A EuroLat adota e apresenta resoluções e recomendações a organizações, instituições e grupos ministeriais responsáveis pelo desenvolvimento da Associação Estratégica Birregional. A organização também mantém grupos de trabalho específicos para tratar de questões como migrações, política de gênero e outros temas.
Bancadas de esquerda repudiam golpe no Brasil
Além do comunicado oficial da co-presidência da Eurolat sobre a deposição de Dilma Rousseff, o bloco de parlamentares de esquerda que integram a Assembleia manifestaram “total repúdio ao golpe de Estado” no Brasil “levado a cabo por parte dos setores oligárquicos, conservadores e reacionários. Desde o golpe, não há democracia no Brasil, já que esta foi subtraída por um grupo de parlamentares corruptos e juízes que não estão do lado da justiça”.
A bancada de esquerda na EuroLat manifestou dura crítica à retomada da prática de usar o golpe “contra os processos democráticos na América Latina como forma de contornar as decisões que os povos manifestam nas urnas”. Os parlamentares repudiaram “as manifestações de ódio contra as figuras de Dilma e de Lula, assim como a perseguição judicial, a difamação e as ameaças que, afrontando a todas as garantias do devido processo se estão aplicando contra o ex-presidente operário”.
O bloco de esquerda também elogiou a decisão das delegações do Equador, Bolívia, Cuba, Costa Rica, Nicarágua e da Venezuela, que se retiraram do plenário, durante a fala de Michel Temer na Assembleia Geral da ONU, um “protesto durante a intervenção do senhor que se apresentou como presidente do Brasil, um rechaço a um presidente ilegítimo, produto do golpe de Estado no Brasil”.
Cyntia Campos