Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que entre janeiro e março deste ano, das quase 49 milhões de mulheres negras em idade para trabalhar, apenas metade estava inserida no mercado de trabalho (51,2%). O estudo foi feito com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa também evidenciou que as mulheres pretas e pardas ganham, em média, menos da metade que os homens brancos e cerca de 60% do rendimento médio das mulheres brancas.
Isso significa que só metade das mulheres negras consegue uma vaga e, mesmo assim, com salários baixos e em condições ruins, e tampouco, estão em posições de liderança.
Por que as mulheres não estão nos espaços de poder?
Ana Lúcia Pereira, professora doutora e ativista do movimento negro, explica que a discrepância de mulheres negras no mercado de trabalho, sobretudo, nos espaços de poder, é um fenômeno histórico que está diretamente ligado à herança escravista.
“Não houve uma política de integração da população negra na sociedade. E por isso, nos dias de hoje, a mulher negra convive com as opressões de gênero, raça e classe. Ou seja, no topo da pirâmide social se encontra o homem branco e na base as mulheres negras, por essa situação, elas não têm conseguido galgar espaços de poder, mesmo que tenham arcabouços de conhecimentos, formações e esforços”, analisa a professora.