Na esteira dos protestos que ganharam força na última semana, deputados e senadores de partidos de esquerda e centro trabalham na conclusão de um manifesto em defesa da democracia. A iniciativa une legendas que polarizaram a política nacional nas últimas décadas, como o PT e o PSDB. Congressistas do Psol, PSD, PL, DEM, MDB, PCdoB e Cidadania também integram grupo.
O texto ainda não foi fechado porque está sendo submetido à avaliação de vários parlamentares. O Congresso em Foco teve acesso a uma versão preliminar, sujeita, portanto, a alterações, que sai em defesa da Constituição, do Parlamento, do Supremo Tribunal Federal e dos prefeitos e governadores. A expectativa é de que o manifesto seja divulgado até esta quarta-feira (3).
“Que fique claro: em momento algum transigiremos com qualquer agressão à Constituição. Em momento algum aceitaremos que as instituições da República sejam ofendidas ou assediadas, sejam o Parlamento, os órgãos de Justiça ou os entes federados. Em momento algum que os pilares da democracia sejam atacados”, diz trecho da nota discutida pelos deputados.
manifesto deve fazer um chamado aos partidos que deixem de lado suas divergências políticas para se unirem no combate às investidas autoritárias.
“Mais do que nunca, os antagonismos precisam ceder lugar ao que nos une. O momento é grave e não dá espaço ao confronto. A pandemia trouxe ao mundo e ao país desafios colossais. Dezenas de milhares de brasileiros sucumbiram à covid-19. Empresas e empregos desaparecem todos os dias. Muitos de nossos concidadãos foram lançados na pobreza”.
“É hora de diálogo, não de grito. É hora de união, não de confronto. É hora de solidariedade, não de buscar supremacia. É hora de respeito, não de ataque às instituições democráticas. A crise não será superada por meio de conflito”.
O texto em discussão destaca ainda que o Congresso é um ambiente para a tolerância e o exercício da liberdade. “Nossa missão é converter diferenças em consensos. E essa é a base da democracia representativa que norteia a Constituição que juramos defender.”
Além dos atos de rua neste domingo, 31, em algumas capitais com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, também surgem iniciativas na sociedade civil.
Em comum, todos alertam para ameaças de rupturas democráticas com adesão de nomes de diferentes matizes políticas e ideológicas, união incomum em meio à instabilidade e polarização política do Brasil nos últimos anos.
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também defende a participação do partido numa frente suprapartidária pela democracia. “O que Lula está dizendo é que a gente precisa saber que determinados setores não foram em determinado momento defensores da democracia no impeachment. Todos diziam que as instituições e a democracia brasileira eram fortes. Neste momento temos a ameaça de Bolsonaro, que quer transformar as Forças Armadas em seu puxadinho”, afirmou.