A mistura de passeio de motocicleta, campanha antecipada e ato para estimular a proliferação do novo coronavírus protagonizada por Jair Bolsonaro no domingo (23), no Rio de Janeiro, custou, no mínimo, R$ 485 mil. O valor daria para comprar cerca de 28 mil doses de vacina contra a Covid-19, segundo cálculo de especialistas ouvidos pela CNN Brasil.
Entrevistado pela rede de TV, Daniel Cerqueira, doutor em economia e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, chegou à cifra de R$ 485 mil apenas calculando os salários dos 1.000 policiais militares destacados para fazer a segurança do evento, que trabalharam por cerca de seis horas, metade das 12 horas diárias da escala de plantão dos agentes de segurança.
O professor do departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF) Lenin Pires ressaltou que o valor desperdiçado com os gastos de salários dos policiais militares envolvidos na ação seria suficiente para comprar 28 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca por parte do governo do estado. “E esse desrespeito vem acompanhado de um gasto absolutamente desnecessário, considerando a crise sanitária que vivemos”, avaliou.
Os custos certamente são ainda mais altos, pois o cálculo não considerou, por exemplo, o deslocamento até o Rio, o eventual uso de homens do Exército e o carro de som onde Bolsonaro discursou, ao lado do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que, como o chefe, estava sem máscara.
O líder do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), informou ainda no domingo que a bancada vai protocolar representação no Tribunal de Contas da União (TCU) para que sejam levantados todos os gastos de Jair Bolsonaro na viagem. A partir do levantamento do TCU, o PT quer tomar todas as medidas legais contra o presidente.