Desde que assumiu de forma ilegítima a Presidência, o governo de Michel Temer promove um verdadeiro desmonte da Petrobras com objetivo de entregá-la ao capital internacional. O petróleo brasileiro, aliás, foi um motivador para o golpe. Basta lembrar que a lei que retira da Petrobras a condição de operadora única do petróleo do pré-sal resulta de projeto de 2015, do senador José Serra, ex-integrante da equipe do Planalto.
Permitir a exploração do pré-sal por empresas estrangeiras foi o primeiro passo. A atual administração desvaloriza artificialmente os ativos da empresa para facilitar a entrega ao mercado. De acordo com a Federação Única dos Petroleiros, os ativos mais depreciados são os primeiros nos planos de privatização da empresa — como campos de produção, termelétricas, Complexo Petroquímico de Suape, Araucária Fertilizantes e Usina de Biodiesel de Quixadá, que custarão R$ 15,7 bilhões menos.
Essas desvalorizações não fazem sentido. Mesmo com os problemas que enfrenta, a Petrobras bate recordes de produtividade e espera produzir 2,77 milhões de barris de óleo e gás/dia em 2021. A empresa ainda prevê a recuperação do preço do petróleo no mercado — deve passar dos atuais 48 dólares para 71 dólares em 2021.
Assim, não restam dúvidas de que o patrimônio construído com o dinheiro dos brasileiros ao longo de décadas está em liquidação para agradar ao mercado internacional, e os entreguistas sequer disfarçam. Durante o evento Rio Oil & Gas, o presidente entreguista da Petrobras, Pedro Parente, disse textualmente: “aproveitem essa oportunidade, porque não vai existir no mundo outra tão boa quanto essa no setor de óleo e gás”.
Como parte do mesmo plano, gestores reduzem continuamente previsões de investimentos. Logo após assumir o comando da Petrobras, Parente anunciou cortes de 25% no orçamento. Eles afetam principalmente áreas de desenvolvimento tecnológico, como produção de biocombustíveis e participações em petroquímicas. O foco passa a ser somente nos setores primários, de exploração e produção de petróleo.
Os atuais gestores também promovem programas de demissão massivos. Em um deles, 11.704 funcionários se desligaram, o que significa perda de mão de obra altamente qualificada. A perda de capital humano, somada à queda de investimentos em setores de tecnologia, compromete profundamente o futuro da empresa, maior detentora de conhecimentos sobre exploração de petróleo em águas profundas.
Mas o entreguismo não tem limites. E o próximo passo, já em andamento, é a venda da BR Distribuidora, que conta com a maior rede do país, com 7,5 mil postos de combustíveis, além de abastecer 10 mil grandes clientes. É preciso mobilização para evitar mais esse desastre para o país, promovido por quem chegou ao poder por meio de um golpe para implementar uma agenda de retrocessos que jamais seria aprovada pelo voto popular.