“Está sendo preparado um verdadeiro desmonte do setor elétrico nacional para atender ao mercado e aos interesses do capital internacional”, afirmou, em plenário, o senador Paulo Rocha (PT-PA), ao denunciar a privatização da Eletrobras como sendo o maior “apagão” da história do País.
Para ele, vender a Eletrobras para arrecadar R$ 20 bilhões é uma loucura porque o valor fica muito abaixo do preço de mercado e, considerando que apenas a Usina de Belo Monte, no estado do Pará, teve um investimento de 26 bilhões, mostra o caráter entreguista do governo ilegítimo de Michel Temer.
“A Eletrobras é uma das maiores empresas de energia do mundo e líder na América Latina, sendo responsável por mais de 30% da geração de eletricidade e mais de 50% das linhas de transmissão do País”, argumentou o o senador alertando que a privatização vai trazer, de cara, o aumento das tarifas, para o pequeno empresário e, principalmente, o consumidor residencial, a população. Ele prevê um desabastecimento e crise no setor, como o apagão de 2001, porque, historicamente, somente as estatais investem no sistema elétrico brasileiro.
“Pelo andar da carruagem vão vender até o Jaburu e o Palácio Alvorada”, ironizou o senador, denunciando o plano do governo de montar um pacote de 57 projetos que incluem a venda e concessões de 14 aeroportos, 15 terminais portuários, rodovias e empresas como a Petrobras e até a Casa da Moeda, que fabrica nosso dinheiro e o passaporte. “Não é uma venda, é um presente para quem financiou o golpe”, pontuou o senador.
Paulo Rocha comparou a entrega do setor elétrico, com a privatização da Vale do Rio Doce, e do setor de telefonia e telecomunicações, durante o governo Fernando Henrique, para “fazer caixa”. Mesmo assim, na época a dívida cresceu de 32% em 1994 para 56% do PIB em 2002.
O senador ainda alertou que a venda da Eletrobras, além de prejuízo poderá causar grandes danos a patrimônio brasileiro, como foi a venda da Chesf, que entregou o Rio São Francisco aos estrangeiros. “Privatizar a Eletrobras é transferir às empresas privadas o direito de vida ou de morte sobre os rios brasileiros”, concluiu.
CPMI: Não palanque político
“Temos que ter muito cuidado para não transformar esta CPI numa disputa política e não permitir que ela se transforme na CPI do Mundo”, afirmou Paulo Rocha ao participar da reunião da CPMI da JBS.
Para ele, a CPI tem que ter um foco e não pode ser pautada por fatos alheios à denúncia para atender desejos não confessáveis e defende que a investigação seja feita com o rigor necessário para evitar favorecimento de quem quer que seja.
Na sessão dessa quinta-feira (21) foram aprovados mais de 100 requerimentos de convocação, para os irmão Joesley e Wesley Batista, empresários da JBS, os diretores da empresa Francisco de Assis e Ricardo Saud, além dos procuradores Marcelo Muller e Ângelo Goulart Vilela.