Reconhecido pelos colegas como um dos principais articuladores do Congresso Nacional, o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), fez nesta quarta-feira (21) seu discurso de despedida da Casa. O parlamentar fez história ao longo dos seus mais de 30 anos de mandatos consecutivos como deputado federal e senador.
“Como diz o poeta, além de fazer deste país uma Nação, precisamos virar todos cidadãos. E foi isso que eu fiz do meu mandato: o usei como instrumento político para transformar esse Brasil numa verdadeira Nação onde a gente viva com verdadeiros cidadãos”, afirmou.
Paulo Rocha termina o mandato deixando como legado uma atuação focada no coletivo. A maior demonstração é a diversidade de leis de sua autoria aprovadas no Brasil: 10 ao todo, dos mais variados temas.
Entre as legislações apresentadas por Paulo Rocha no Congresso estão a criação do seguro-desemprego para pescadores artesanais no período do defeso; a anistia a servidores públicos demitidos por participaram de greves; a garantia de ensino médio para presidiários; a criação da profissão dos agentes comunitários de saúde; e a criminalização e punição do trabalho escravo no país.
Já a sua lei mais recente, batizada carinhosamente de Paulo Gustavo – em homenagem ao artista que deu vida a Dona Hermínia –, garantiu R$ 3,8 bilhões em apoio a projetos do setor cultural. Os recursos serão distribuídos por estados, Distrito Federal e municípios a uma das classes mais afetadas pela epidemia da Covid-19.
“Não vou sair da política. Se precisar voltar a militar, de novo, no movimento inicial, estarei lá, com meus 71 anos, acreditando que a política é um instrumento de conquista e de mudanças. Principalmente em um país como este, tão desigual, tão injusto e tão rico, que pode a gente, com a boa atuação, transformar a vida de milhões de pessoas”, avisou o líder do PT no Senado.
A diversidade de apartes recebida por Paulo Rocha durante o seu discurso, que chegou a ser aplaudido de pé pelos colegas no Plenário, mostrou a marca deixada por ele no Congresso. Parlamentares dos mais diferentes espectros políticos – da esquerda à extrema direita – destacaram a competência e capacidade de articulação política do petista.
“Não tenho uma formação de curso superior. Não tive muitas oportunidades por ser de família simples. Tudo que aprendi na vida foi com meus pais, com o PT, com a luta social, com a luta política. E quero dizer que o Congresso Nacional foi uma verdadeira universidade para mim. Aprendi aqui que a gente tem que respeitar um ao outro para a gente poder ser respeitado”, disse Paulo Rocha.
Ele aproveitou para destacar a importância do Partido dos Trabalhadores para o país e a luta pela igualdade como bandeiras indiscutíveis não apenas na carreira política, mas na vida.
“Quero valorizar aqui no meu discurso a boa política para resgatar esse processo da construção da democracia. Vale a pena para a gente buscar a dignidade, a justiça, a paz e a perspectiva de buscar uma sociedade justa, com diferenças diminuídas”, acrescentou.
Como diz a música cantada no início do discurso, o parlamentar pode se orgulhar de concluir mais um mandato onde não apenas garantiu diversas realizações no país, mas teve ainda a oportunidade de aprender com as divergências.
“Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir. Tenho muito pra contar. Dizer que aprendi…”, vociferou a plenos pulmões um líder que deixará saudades. Não apenas entre os seus pares, mas para milhões de pessoas beneficiadas por iniciativas de sua autoria.