Paulo Rocha repudia manobras que colocam em cheque a democracia brasileira

Paulo Rocha repudia manobras que colocam em cheque a democracia brasileira

Paulo Rocha: Nós, que lutamos por essa democracia, nos manteremos de plantão para que se assegure o processo democráticoO líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), abriu os trabalhos da mesa diretora na manhã desta sexta-feira (11) falando da ação de três promotores de São Paulo que ontem apresentaram um suspeito pedido de prisão preventiva do Lula. Para o senador, essa manobra tem por objetivo, único e exclusivo, de macular a imagem de uma das maiores lideranças democráticas do Brasil – e do mundo – “colocando em cheque nossa democracia e acirrando os ânimos da disputa política do nosso País”. “Nós, que lutamos por essa democracia, nos manteremos de plantão para que se assegure o processo democrático e que as disputas políticas, as disputas de poder, sejam feitas no momento adequado e no processo que a nossa Constituição assegura”, enfatizou. 

Antes de passar a palavra à primeira oradora inscrita, Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), Paulo Rocha acrescentou: “Nós repelimos qualquer atitude, venha de onde vier, e a república dos concursados que querem implantar em nosso País. Não passarão, principalmente nesse processo autoritário de resolver os conflitos políticos”, disse ele. 

Imprestável a qualquer juízo 

A senadora Vanessa Graziottin pontuou, em seu discurso, que Lula está sendo vítima de um processo que pretende interditá-lo, porque é uma ameaça às elites e aos grupos de direita que perderam, inicialmente, nas urnas e agora perderam qualquer respeito ao Estado Democrático de Direito. Sobre a mais recente manobra, ou seja, o pedido de prisão de Lula apresentado ontem por três procuradores paulistas, Vanessa afirmou que até mesmo os próprios integrantes do Ministério Público de São Paulo, do Ministério Público Federal e dos estados reagiram contrariamente aos procuradores de São Paulo. 

Até mesmo a oposição se manifestou. Os líderes do PSDB no Senado e na Câmara disseram que é preciso ter mais cautela. E não ficou por aí. O Procurador Regional da República, Vladimir Aras, ligado ao grupo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que atua na Operação Lava Jato, criticou a peça jurídica dos procuradores paulistas – repleta de erros, confusa e sem provas contra Lula e sua família. 

“Esta foi a postagem do procurador Wladimir Aras no twitter: ‘nunca vi nada igual. Todo mundo comete erros, mas não é possível tamanha inépcia e falta de técnica. O texto é imprestável a qualquer juízo’. Olhem como são fortes as expressões”, observou a senadora. 

Vanessa considera que os fatos ocorridos deixam mais claro para a população o que, de fato, está em curso no País. “Estão querendo transformar uma investigação contra a corrupção numa luta política, mas quando eles cometem ilegalidade de levar Lula à força, sem qualquer base jurídica, a reação das pessoas é espontânea”, disse ela, lembrando que uma pesquisa feita no dia 4 as pessoas não concordaram como foi feita a manobra, o show midiático, do sequestro de Lula. 

Agora, a ação dos procuradores de São Paulo, somada ao depoimento de um capoteiro levado por engano para depor em Curitiba, só contribui desmoraliza a Lava Jato e o Ministério Público, este, já está dividido sobre os procedimentos adotados à revelia da Lei, à revelia da Constituição. 

Paulo Rocha recorda que todos aqueles que lutaram pela democracia brasileira, com certeza, sairão espontaneamente às ruas à medida em que veem a democracia sob cheque. 

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO), outro aliado de primeira hora da base de apoio, criticou a oposição e afirmou que seu interesse é destruir a situação, ao invés de contribuir para a população, para as pessoas que precisam de emprego. “Estão se esquecendo de fazer a verdadeira política. A crise política desde as eleições de 2014 é motivada pela tentativa de um terceiro turno nos tribunais”, afirmou. 

Para ele, nesse cabo de força entre oposição e situação quem perde é o Brasil, a economia, o povo mais humilde. No calor dos acontecimentos, as vozes do equilíbrio, da sensatez e do pragmatismo político quase nem são ouvidas. “São poucas as vozes que pregam o caminho da serenidade, diálogo, unidade nacional e respeito ao Estado Democrático de Direito. Conclamo a todos para que reflitam sobre isso. Talvez precisemos falar mais alto e claro e em bom tom que essa disputa política já foi longe demais e chegou num ponto insustentável”, cobrou Acir. 

O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) concordou com a avaliação feita por Acir e disse que, neste momento, o País precisa de um pacto, que integre a governabilidade, a retomada do crescimento, que garanta o término deste mandato escolhido pela sociedade. “Nós precisamos de serenidade, precisamos pactuar uma ação que pare o conflito político e se construa uma medida na economia para superar o momento para seguirmos em frente. Em 2018, o povo poderá decidir o modelo e o projeto de País que a sociedade quer”, afirmou. 

Donizeti disse que é preciso que a presidenta Dilma tenha a percepção do momento, com a clareza que o plenário do Senado manifestou nesta sexta-feira (12). “Que a gente parta para uma iniciativa do governo, da oposição, do Congresso, que bem tem sido encaminhado aqui pelo senador Renan Calheiros, nosso presidente, tentando um meio para construir a unidade.

Penso que podemos dizer: ‘A hora é agora’”, comentou. 

O senador, assim como fez o líder Paulo Rocha, observou que esse movimento depende também dos próximos passos neste final de semana: primeiro, da convenção do PMDB e, segundo, das manifestações de domingo (13). “A atitude que o Partido dos Trabalhadores e os movimentos sociais adotaram, chamando o pessoal para ir para casa e evitar o confronto. Vamos assistir à celebração da democracia, com a manifestação da Oposição. Aí, na segunda-feira, tomamos a iniciativa de tentar unir o País para esse processo”. 

 

Marcello Antunes

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