Era 31 de agosto de 2010, e o então presidente Lula estava inaugurando o Campus Salgueiro do Instituto Federal do Sertão de Pernambuco. Era uma das 214 instituições do tipo que ele abriria até o final de seu mandato, em dezembro daquele ano. Uma pequena revolução para um país que nos 100 anos anteriores àquele governo tinha construído apenas 140 desses centros de ensino.
Na mesma tarde de sol, Lula relatou aos presentes que ao chegar ao Palácio do Planalto, em 1° de janeiro de 2003, apenas 1,3% dos médicos formados no Brasil vinham do Nordeste. Ao sair, no final de 2010, esse índice tinha subido para 9,5%. A propósito, um ano depois, em 30 de agosto de 2011, era aberta a primeira turma de Medicina do campus de Garanhuns da Universidade de Pernambuco (UFPE), obra iniciada também com Lula.
Boa parte desses jovens universitários estudou graças ao Programa Universidade para Todos (Prouni), que alavancou o ensinou superior para alunos de escolas públicas. Para se ter uma ideia, em 2010 eram 704 mil universitários egressos da rede pública de educação.
Números como esses se somam a feitos como o Luz para Todos, Um Milhão de Cisternas e outros programas que levaram crescimento econômico à região e que foram lembrados pelo senador Humberto Costa (PT-PE) às vésperas da viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à sua terra natal.
“A ida do presidente Lula a Pernambuco, em 20 e 21 de julho, é extremamente significativa e muito importante para nós. Primeiro, porque é bom vê-lo em casa de novo, de volta ao lugar em que nasceu e teve de ir embora com a mãe e os irmãos, açoitados pela fome, que um dia ele mesmo acabou. Depois, porque é a visita a um estado que, juntamente com os outros oito da região, virou uma locomotiva da economia brasileira em seu governo. Foram refinaria, polo petroquímico, fábrica de automóveis, estaleiros navais. Pernambuco experimentou um crescimento de renda e uma geração de emprego nunca vistos na sua história”, comemora o senador, logo antes de lamentar que esses feitos tenham sido “desmontados depois do golpe por Temer e, especialmente, pelo genocida Bolsonaro”.
Serão dois dias de agenda pelo interior e por Recife, com encontros políticos e conversas com a militância e a população. No município do agreste, onde nasceu, Lula deve participar, na terça, da 30° edição do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG 2022). Em seguida, vai ao sertão visitar Serra Talhada. Na quarta-feira, a agenda é em Recife, onde terá encontros políticos.
De líder estudantil a senador
Humberto Costa, que vai acompanhar Lula pelo estado, não é pernambucano. Nasceu em Campinas (SP), mas teve sua formação política e profissional nas terras de Frei Caneca. Médico psiquiatra, foi líder estudantil, deputado estadual e deputado federal. Entre 2003 e 2005, no primeiro mandato do presidente Lula, foi ministro da Saúde e, entre outras inovações, criou o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU).
Sofreu revés político em 2006, quando teve seu nome vinculado a escândalos de superfaturamento, mas foi inocentado, inclusive após investigação em CPI. De alma lavada, Humberto Costa conquistou em 2010 uma cadeira no Senado, que foi renovada em 2018. É um dos parlamentares mais respeitados e influentes do Congresso, e autor de projetos como o de combate à pirataria de remédios e de Responsabilidade Sanitária.
Também é jornalista, como o foi Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, que na Revolução Pernambucana de 1817 sonhou com a libertação do povo e enfrentou o autoritarismo do poder central. Com fala articulada, calma, mas incisiva, Humberto Costa sabe que hoje o trabalho é para libertar um país inteiro e fazê-lo voltar a sonhar e a sorrir. A visita de Lula ao estado tem esse simbolismo, afirmou o senador.
“Lula vai do litoral ao sertão, do Recife a Serra Talhada, governada pelo PT, para ouvir nossa gente. Vai levar esperança de volta ao nosso povo, vai receber o abraço de um estado onde tem mais de 70% das intenções de votos sem que a campanha nem tenha começado. Estamos todos esperando o melhor presidente que este país já teve de braços abertos”, projetou Humberto Costa.