É esse passado de sombras, que se agravou com a quebra do monopólio ocorrida no governo Fernando Henrique Cardoso, que a bancada do PT na Câmara dos Deputados também quer ver sob a luz do sol, com a representação junto à Procuradoria-Geral da República e do Ministério da Justiça, nesta quarta-feira (11), para que ambos tragam a público o que ainda permanece escondido – uma espécie de isonomia nas investigações da Operação Java Jato, para que se determine quando exatamente vários dos diretores corruptos da Petrobras começaram a desviar dinheiro dos contratos para seus próprios bolsos.
O pedido foi apresentado formalmente pelo líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), junto com uma comitiva de 18 deputados do partido. Os parlamentares repetiram no ato da entrega o que já vêm dizendo há dias, mas não chega aos jornais. O que eles querem é equilíbrio nas investigações e fazer com que a Polícia Federal também investigue o período anterior a 2003.
Na Procuradoria Geral da República, a comitiva petista protocolou uma representação solicitando que as investigações da Lava Jato sejam estendidas ao período de 1997 a 2003. O ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, corrupto confesso, já declarou à PF que começou a receber propinas em 1997, mas apenas a Folha de S.Paulo trouxe reportagem específica sobre esse detalhe. Os demais simplesmente omitiram, ou proibiram qualquer menção ao período de governo do PSDB, como se viu na ordem da diretora de jornalismo da Rede Globo, Silvia Faria, para todos os diretores de núcleo da emissora. Assim que a informação vazou, configurando censura interna, a decisão foi revogada e o período de FHC começou a ser timidamente mencionado.
De acordo com os parlamentares petistas, os agentes de investigação “têm atuado de maneira parcial, dirigida e ilegal, com a nítida intenção de apenas apurarem o período de 2003 em diante, utilizando o procedimento investigatório com fins político-partidários, com o único objetivo de isentar de responsabilização quaisquer ilícitos perpetrados em período anterior a 2003, ou seja, durante o Governo FHC”.
Além disso, a bancada petista questiona os motivos pelos quais os agentes responsáveis pela investigação não buscaram mais informações sobre o esquema no período do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
“Causa surpresa e estupefação que diante da extrema gravidade dos fatos relatados pelo declarante – que revelam a origem do pagamento de propinas na Petrobras – não tenha havido qualquer indagação nem aprofundamento pelos agentes de investigação”, diz o texto da representação.
Os deputados do PT também questionam na representação a falta de interesse dos agentes em saber quem era o Diretor de Exploração e Produção da Petrobras na época em que, segundo Barusco, o esquema teve início. Além disso, os parlamentares indagam a mesma falta de interesse sobre funcionários que também participaram das atividades ilícitas ou, ainda, como era feito o pagamento das propinas.
O documento endereçado à PF também menciona a reportagem “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede”, publicada pelo jornal O Estado de São Paulo no dia 13 de novembro de 2014, para corroborar a crítica de parcialidade da Polícia Federal no caso.
Ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a comitiva solicitou esclarecimentos sobre os fatos relatados na representação à PGR.
Integraram a comitiva petista, além do líder Sibá Machado, as deputadas Margarida Salomão (MG), Moema Gramacho (BA) e Rejane Dias (PI), e os deputados Andres Sanchez (SP), Angelim (AC), Fernando Marroni (RS), Givaldo Vieira (ES), João Daniel (SE), Jorge Solla (BA), Leo de Britto (AC), Leonardo Monteiro (MG), Margarida Salomão (MG), Moema Gramacho (BA), Nilto Tatto (SP), Odorico Monteiro (CE), Paulo Pimenta (RS), Ságuas Moraes (MT), Valmir Prascidelli (SP) e Zé Carlos (MA).
Com informações da Agência PT de Notícias, e do site PT na Câmara