A produção de petróleo da Petrobras (PETR4) no Brasil em 2012 deverá superar a de 2011, com menos dificuldades vislumbradas pela estatal com a escassez de sondas, em meio aos desafios com o declínio da extração dos campos maduros, afirmou nesta terça-feira (07/02) o presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, sem dar detalhes sobre as metas para este ano.
Em 2011, apesar de ter produzido um recorde no País, a estatal fechou o ano com produção 3,7% abaixo da meta. A companhia produziu no Brasil 2,021 milhões de barris por dia em média no ano passado, 0,9% maior que na comparação com 2010.
A grande campanha exploratória de petróleo no mar desenvolvida pela Petrobras, que exige o deslocamento de parte da frota de sondas para atividades de busca por novos campos, e a incapacidade do mercado internacional de plataformas de atender à demanda da empresa estiveram por trás dos problemas da estatal para cumprimento das metas.
“Em 2011, iríamos receber 13 sondas, e recebemos 11… É um desafio enorme manter a produção, apesar de não atingir o objetivo, batemos o recorde (no ano passado)”, disse ele nesta terça-feira a jornalistas em evento em São Paulo.
Gabrielli apontou que o problema das plataformas não deve se repetir neste ano. “Estamos crescendo na velocidade da entrega de sondas… Não acredito que tenhamos os problemas que tivemos nesse período de 2007, 2008 e 2011”, completou.
Para 2014, Gabrielli afirmou que a Petrobras terá à sua disposição 37 sondas capazes de trabalhar em áreas de mais de
Mais sondas
O executivo disse ainda que a Petrobras está finalizando o processo das negociações de 21 sondas adicionais, para completar o pacote de 28 sondas que serão entregues até 2020.
“Em 2020 nós teremos 65 sondas de perfuração de alta profundidade no Brasil”, destacou.
Na noite de segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele ressaltou que o atraso na “chegada das sondas não tem nada a ver com o conteúdo nacional” exigido. “Essas (sondas) que estamos fechando a negociação chegam em 2016”, disse.
Nova presidências
O presidente da estatal deixará a companhia e será substituído pela atual diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, que deverá ser confirmada no comando em reunião do Conselho de Administração na próxima quinta-feira. Gabrielli sairá para assumir um cargo no governo da Bahia.
Questionado sobre se o perfil técnico de Graça Foster, como ela é conhecida, seria muito diferente em comparação a sua atuação considerada mais política, o executivo disse discordar desta avaliação.
“A futura presidente Graça vai conduzir a companhia da mesma maneira que eu conduzi. Não acredito que haverá descontinuidade em nenhuma das políticas da companhia e dos programas de desenvolvimento da companhia”, afirmou Gabrielli.
“É evidente que são estilos diferentes… mas ela vai desenvolver do ponto de vista técnico e político, da mesma maneira que eu fiz”, acrescentou.
Gabrielli falou a jornalistas após assinar um protocolo de intenções, juntamente com o secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Anibal, que prevê a criação de um comitê com especialistas do setor que apoiará as atividades de exploração e produção de petróleo e gás no litoral paulista.
O executivo disse que não há prazo determinado para a implantação desse sistema conjunto, uma vez ele que estará atrelado à capacidade de crescimento de produção na bacia de Santos.
O trabalho envolve três grandes áreas: base logística, estudo de conjunto para suporte de projetos de exploração e produção no mercado de gás natural e os incentivos à pesquisa e formação de mão de obra.
Disponibilidade de gás
Em relação à perspectiva de fornecimento de gás, o presidente da Petrobras observou que um dos elementos centrais desta questão é saber qual será a quantidade de gás necessária para injetar na bacia de Santos para produzir petróleo.
“Esta é a informação que nós não temos ainda, porque ela só será conseguida depois de algum tempo de produção contínua”, disse. Ele prevê que a empresa terá ainda à frente um horizonte de dois anos de análise de dados “para saber qual será o volume de gás que nós poderemos disponibilizar”.
“É a informação desta produção contínua de gás que vai nos dizer qual é a proporção de gás que nós vamos ter que injetar para produzir petróleo, e isso será determinante para definir a disponibilidade de gás no futuro”, afirmou Gabrielli.
Fabíola Gomes
Da Reuters, em São Paulo