Próxima manifestação em defesa da Petrobras será em Brasília, dia 23 |
Trabalhadores reagem à campanha de desmoralização da mídia, que desvaloriza o trabalho da Petrobras e beneficia especuladores
A forte chuva que caiu nesta segunda (14) no Rio de Janeiro não deteve a manifestação. Sindicatos e centrais sindicais ocuparam a Avenida Chile com bandeiras e faixas em defesa da Petrobrás, para uma manifestação de quatro horas de duração em frente à sede da empresa. Petroleiros e trabalhadores de outras categorias, além de estudantes e militantes de esquerda, abriram a primeira da série de manifestações programada para defender a maior estatal brasileira. O próximo evento já está agendado: dia 23 de abril próximo, nova concentração está programada para Brasília com o mesmo propósito: dar um basta à campanha de desmoralização que vem sendo insuflada pelo oligopólio de mídia que concentra 90% da produção de informação no País, e que vem alimentando, desde o ano passado, movimentos especulativos na bolsa de valores com ações da empresa.
O que está em jogo nesse momento é a resistência contra o movimento da mídia e dos partidos conservadores que pretende retirar da Petrobras a condição constitucional de única operadora do pré-sal. Se essa alteração da lei for concretizada, os petroleiros já sabem: o passo seguinte será a privatização da empresa, tal como tentou, sem sucesso, o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com a sua Petrobrax.
Os trabalhadores deixaram bem claro: exigem a apuração rigorosa de todas as denúncias que vem sendo feitas contra ex-diretores da empresa, mas não vão aceitar que a mídia e seus parceiros – os partidos de oposição – transformem as irregularidades descobertas pela Policia Federal em uso político eleitoreiro.
“Estamos aqui para reafirmar aos setores entreguistas que a Petrobrás é do povo brasileiro e que essa campanha da mídia golpistas não conseguirá acabar com um patrimônio que o nosso povo levou décadas para construir”, alertou o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes.
Os petroleiros, disse ainda não vão engolir desmandos, nem desvios de gestão na Petrobrás. “Exigimos a apuração de todas as denúncias pelos órgãos fiscalizadores e que os culpados sejam punidos, mas não admitimos que a Petrobrás seja desmoralizada em uma CPI para servir de palanque eleitoral dos que sempre defenderam a sua privatização”, enfatizou Moraes.
Cerca de 300 pessoas participaram da manifestação, que reuniu militantes da CUT, da CTB, do MAB, do MST, do Levante Popular da Juventude, da UNE, da UBES, da União Brasileira de Mulheres, do Movimento de Luta dos Bairros, além de representantes do PT, do PCdoB e do PCR. “Não, não, não à privatização, o petróleo é nosso e não abrimos mão”, bradavam os manifestantes, entre uma fala e outra das lideranças que denunciavam as reais intenções da direita e da mídia na campanha cerrada de ataques à Petrobrás.
“Sabemos muito bem o que está em jogo nesse desgaste da Petrobrás e não podemos deixar que seja retomada a agenda neoliberal daqueles que tentaram privatizar a empresa e não conseguiram porque nós resistimos. É questão de soberania defender a Petrobrás. A derrota dessa empresa será a derrota do povo brasileiro e isso não vamos permitir”, afirmou o presidente da CUT-RJ, Darby Igayara.
Junto com os petroleiros que vieram em caravanas do Norte Fluminense, Duque de Caxias, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, participaram do ato em defesa da Petrobrás representantes dos demais sindicatos da FUP, do Sindipetro-RJ, do Sitramico-RJ, da AEPET, além de representantes dos bancários, químicos e metalúrgicos. “Já vimos essa filme antes, quando entregaram a Vale do Rio Doce, a CSN e as demais estatais que os tucanos venderam na bacia das almas. É nas ruas, resistindo, que continuaremos nossa luta. Aqui é o nosso espaço e vamos pra cima deles. Não deixaremos que entreguem o Brasil”, destacou Jadir Batista de Araújo, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT.
Nem mesmo a Força Sindical, central presidida por Paulo Pereira da Silva, aliado declarado do candidato tucano Aécio Neves, conseguiu desvirtuar o protesto, como se pretendia antes com a lavagem da entrada da Petrobras – aliás, cena dominante da reportagem da manifestação no Jornal Nacional, da TV Globo – uma das cabeças do oligopólio de mídia.
O grupo de dirigentes e militantes da Força Sindical combinara previamente com a mídia: ao lavar a entrada da Petrobrás, iriam pedir o fim da corrupção e estender apoio ao projeto da oposição de criar uma CPI para corroer a empresa durante o processo eleitoral. Mas a Força Sindical recuou, quando topou pela frente com a manifestação em defesa da Petrobras, organizada pela FUP, CUT, CTB e movimentos sociais.
Com informações da FUP e agências