O ex-presidente Lula cansou de repetir: o tal apartamento tríplex no Guarujá, que despertou o interesse e, principalmente, as especulações da grande imprensa, não pertence a ele e nem a ninguém de sua família. Não adiantou. Foram quilômetros em linhas de jornal e horas de televisão para tentar provar que o imóvel pertencia a alguém que dizia que não era proprietário. Na sequência, surgiu outro imóvel: o famoso sítio de Atibaia, também alvo da sanha de jornalistas pouco dispostos a investigar os verdadeiros fatos.
Pois aconteceu: em uma só semana, desandaram as duas farsas. A Polícia Federal, ao concluir o relatório das investigações sobre o tríplex do Guarujá (SP), não indiciou Lula e seus familiares. Ou seja, não há motivos para suspeitar do ex-presidente. Foram indiciados a publicitária Nelci Warken (que admitiu ser a verdadeira dona do famoso tríplex) e funcionários da Mossack Fonseca no Brasil. A informação foi divulgada nessa quinta-feira (18), no início da noite, pelo juiz Sérgio Moro. Sem provas, a PF não indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sobre as suspeitas sobre a quem pertence o sítio em Atibaia – foco de outra das investigações contra o ex-presidente – o empresário Fernando Bittar depôs à Polícia Federal e reafirmou que ele é o dono da propriedade, adquirida com recursos doados por seu pai. As reformas foram feitas para conviver com a família Lula da Silva e para receber parte do acervo presidencial.
Sobre o tríplex, a Polícia Federal – ao concluir a fase “Triplo X” da Operação Lava Jato, decidiu indiciar a publicitária Nelci Warken, que admitiu ser a verdadeira dona de um tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, além de funcionários da Mossack Fonseca no Brasil. Além de Nelci, são arroladas Maria Mercedes Riaño (chefe do escritório da Mossack no Brasil), Luis Fernando Hernandez, Rodrigo Andrés Cuesta Hernandez, Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Britto, que trabalhavam para a Mossack. Também é indiciado o empresário Ademir Auada, que intermediava negócios para a Mossack.
Deflagrada com o objetivo de investigar a suspeita de envolvimento do ex-presidente, suposto beneficiado pela construtora OAS, que assumiu a construção do edifício no litoral paulista após a Bancoop decretar falência, o resultado das diligências realizadas desde o dia 28 de janeiros deste ano, com a 22ª fase da Lava Jato, não trouxe as provas esperadas.
Sítio de Atibaia
O empresário Fernando Bittar – que é sócio de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente – contou ainda em seu depoimento à PF – que a ideia de comprar o sítio surgiu numa reunião familiar entre ele, seus irmãos e o pai, Jacó Bittar – ex-prefeito petista de Campinas, amigo de Lula desde a década de 1970. A ideia era que eles pudessem se reunir e receber os amigos. O ex-presidente Lula, por sua vez, nunca escondeu que frequenta o sítio, que é de propriedade de amigos.
No mesmo dia do depoimento de Bittar, os advogados do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, emitiram nota à imprensa na qual afirmam que, com relação a outro depoimento (desta vez, prestado pelo empresário José Carlos Bumlai à Polícia Federal), a Operação Lava Jato “não pode ter qualquer dúvida” sobre a propriedade do Sítio de Atibaia.
Segundo a defesa, “desde março, os investigadores dispõem de farta documentação fornecida pelos proprietários — Fernando Bittar e Jonas Suassuna — comprovando, dentre outras coisas, que eles adquiriram a propriedade com recursos próprios e pagaram com recursos próprios manutenção e reformas no local”. “A prova sobre a propriedade de um imóvel é documental, e já foi feita pelos donos do sítio”, pontuam.
Com agências de notícias
Leia mais:
Ponto por ponto, defesa de Lula rebate promotores da Lava Jato
Procuradores da Lava Jato iludem a sociedade dizendo ter provas contra Lula
Defesa de Lula critica vazamento de suposta acusação contra ex-presidente