Pimentel: Inflação não depende só da Selic

Pimentel: Inflação não depende só da Selic

A redução de meio ponto percentual na taxa básica de juros, decidida na semana passada pelo Comitê de Política Monetária, demonstra que o Banco Central está confiante nas medidas que vêm sendo adotadas pelo governo para conter a inflação, ao mesmo tempo em que permitem o crescimento econômico. “Se a taxa Selic contribuísse para a redução da inflação no Brasil, a nossa inflação seria negativa, porque nós temos a maior taxa de juros do mundo”, lembrou o senador José Pimentel (PT-CE).

O senador registrou, em pronunciamento no Senado, na última segunda-feira, o artigo publicado na Folha de S. Paulo pelo empresário do setor de confecções, Josué Gomes da Silva, analisando a recente decisão do Copom. “É chegada a hora de a nossa taxa de juros ser compatível com as praticadas no rest o do mundo, para que a nossa economia consiga ser competitiva, tanto no mercado nacional como também no setor de exportação, e é isso que o Banco Central vem fazendo”, afirmou Pimentel.

Pimentel lembrou que na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo- IPCA —principal medidor da inflação brasileira —34% são preços controlados pelos entes do pacto federativo, “ou seja, dependem dos contratos firmados principalmente nas privatizações da década de 90”. Outro item que compõe fortemente o IPCA são as commodities voltadas para a exportação. “E o valor dessas commodities depende do mercado internacional, dos preços ofertados, não tendo qualquer possibilidade de a taxa Selic ter impacto ali, e os 44%, 45% da composição do IPCA, quando esses números são decompostos, identificam-se exatamente com as chamadas fases sazonais da nossa economia”.

O senador destacou que as políticas prudenciais adotadas pelo Banco Central e a área econômica do governo têm “muito mais eficácia na redução da taxa de juros no Brasil do que elevar a taxa Selic”. E citou o artigo de Josué Gomes da Silva: “O impacto dos juros altos em nosso cotidiano é bem menos perceptível, mas estimula o ingresso de capital especulativo, reduz a expansão do Produto Interno Bruto, diminui a oferta de emprego e a geração de renda.”.

Uma das medidas para enfrentar esse processo é a elevação de alguns tributos, como o Imposto sobre Operações Financeiras- IOF, “como forma de desestimular a vinda desse capital especulativo que não gera emprego, que não gera negócios e que fragiliza a nossa economia”.

Pimentel reconheceu que parte dos capitais que ingressam no País vêm para o setor produtivo e destacou a necessidade de oferecer segurança jurídica para esses recursos. “Nossa resistência é no que diz respeito ao capital especulativo, que termina esterilizando a nossa economia”.

Ainda citando o artigo de Gomes da Silva, o senador lembrou que “a redução de 0,5% na Selic significa cerca de R$ 7 bilhões por ano a menos nos juros pagos pelo Governo, o que daria para construir cerca de 200 mil casas populares”, enquanto que “para cada ponto percentual que o Brasil eleva na taxa Selic, retira da nossa economia algo em torno de R$ 11 bilhões. E esses R$ 11 bilhões/ano saem exatamente do bolso dos trabalhadores, dos contribuintes, dos empresários, da economia nacional e vão para algo em torno de 12 mil financistas que exploram o Brasil”, comparou.

O senador pediu que o artigo de Josué Gomes da Silva fosse transcrito nos anais do Senado, lembrando que o empresário “honra a tradição da sua família, em especial de seu pai, [o ex-vice-presidente] José Alencar, que sempre defendeu a competitividade da nossa economia, a necessidade da redução da taxa de juros e, acima de tudo, que a gente pudesse criar um mercado nacional onde a micro e a pequena empresa pudessem se desenvolver, as médias e grandes se tornassem competitivas e que este País se tornasse uma grande economia internacional”.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

To top