Pinheiro destaca “sucesso” da energia eólica

O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT – BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero aqui falar, no dia de hoje, da boa experiência, ou melhor, dos bons ventos da energia na Bahia, do preparo que o Estado vem, há muitos anos, empreendendo para obtenção da energia eólica e o sucesso desse programa.

Para que V. Exª tenha uma ideia, Sr. Presidente, a Bahia hoje representa, meu caro Senador Romero Jucá, 20% do que foi disponibilizado em leilões públicos para geração de energia eólica em todo o País. Vamos completar 52 parques eólicos até 2014, fruto desta política de atração de investimentos e, ao mesmo tempo, da instalação dessa base de geração de energia.

Já atraímos investimentos também na chamada indústria que fabrica o equipamento para colher o vento ou a indústria dos equipamentos da energia eólica, os aerogeradores, principalmente. Já temos uma empresa instalada na Bahia, a Gamesa, empresa espanhola, que fez um investimento de R$50 milhões. Agora, no dia 30, teremos a entrega de mais uma instalação de uma empresa, a francesa Alstom, que deve começar as suas atividades, também com investimento da ordem de R$50 milhões. A GE já assinou protocolo com o Estado da Bahia e deve também fazer investimentos na ordem de quase R$ 45 milhões para a instalação. Além dessas, já tivemos um contato com a Vestas, que é uma empresa dinamarquesa, a maior empresa de produção de equipamentos de energia eólica do mundo hoje, que deve também chegar para colher os ventos na Bahia ou para nos ajudar nessa empreitada de se relacionar com os ventos.

Como dizem os sertanejos baianos, quanto mais seco, Senadora Ana Rita, mais vento, na teoria do sertanejo, na teoria do agricultor. Se analisarmos friamente, é até o inverso. Muito antes de qualquer desenvolvimento, de qualquer pesquisa, o sertanejo dizia que, na Bahia, tinha muito vento, quando usava a expressão de quanto mais seco, mais vento. É a relação do sertanejo com a água, com a chuva. Ele ia fazendo essa leitura.

Nessa esteira de desenvolvimento, a Bahia também terá, ainda em janeiro, o primeiro parque eólico em funcionamento na região da Chapada Diamantina, na cidade de Brotas de Macaúbas, uma cidade que fica aproximadamente a 600 quilômetros da cidade de Salvador.

E nós teremos ali já o início de três áreas de utilização de energia eólica, sendo que cada uma deverá gerar algo em torno de 30 megawatts com 45 parques ou 45 torres instaladas, aliás, 57 torres, permitindo, assim,… São 57 torres, três áreas de ativação, com 30 megawatts em cada área, perfazendo, portanto, um total de 90 megawatts, que serão já gerados a partir de janeiro do ano que vem.

Para que as pessoas tenham uma ideia da força do vento, somente esses investimentos em Brotas de Macaúbas, por exemplo, consomem algo da ordem de R$400 milhões.

A Bahia, volto a frisar, fez um contrato para 54 parques eólicos, que devem gerar 1.400 megawatts de energia. Então, estou falando, Senador Romero Jucá, de R$400 milhões para 90 megawatts. Imagine quando atingirmos, em 2014, o restante, que será de, aproximadamente, 1.300 megawatts! O nosso total é de 1.400, e 90 deverão entrar em operação em janeiro.

Ainda em 2012, 18 parques entrarão em operação, num total de 413 megawatts de geração de energia, completando, em 2014, portanto, os 1.400 megawatts de geração, o que deve nos levar a um investimento superior a R$1,5 bilhão com essa geração de energia. Consequentemente, há outra economia gerada nisso. Brincava, inclusive, o nosso Secretário de Infraestrutura e também Vice-Governador do Estado, Otto Alencar, dizendo que a energia eólica agora representa os royalties do sertão.

Nessas áreas – aí quero dar o exemplo da cidade de Brotas de Macaúbas, onde nós já estamos experimentando a relação com o agricultor –, os agricultores, cujas áreas serão utilizadas para assentarem as torres e os aerogeradores, além de terem acesso a essa energia, também receberão, em média, por ano, algo em torno de R$6 mil, chegando, em alguns casos, até a R$8 mil por ano, o que representa uma média de mais de um salário mínimo por mês para possibilitar, efetivamente, uma espécie de contrapartida, de aluguel dessas áreas utilizadas.

Portanto são os ventos bons soprando na Bahia, na medida em que fazem esse suprimento de energia. E eu quero fazer uma associação para que quem está nos escutando possa entender a proeza dessa área.

A Bahia tem hoje algo em torno de 11 mil megawatts de energia sendo gerados por hidrelétricas e por termelétricas. Onze mil megawatts! Então, significa dizer que com esses 52 parques que nós vamos ativar até 2014, com algo em torno de 1,4 mil megawatts/hora, nós vamos gerar com energia eólica mais de 10% do que nós geramos hoje com hidrelétricas e termelétricas.

Portanto, começar uma unidade dessa forma, começar utilizando energia alternativa com esse potencial é uma ousadia muito grande. E nós vamos disputar os leilões que estão apontados para acontecer agora e em março do ano que vem.

Se tudo der certo, uma outra parte da chapada, mais precisamente ali na cidade de Morro do Chapeu, onde os ventos também sopram com intensidade, nós vamos ampliar os nossos parques. E o nosso desejo é de que a Bahia possa contratar mais 20 parques eólicos, perfazendo um total de 72 parques eólicos para a geração de energia.

Esse desafio é associado a duas grandes frentes: primeiro suprir a matriz energética com uma fonte alternativa, com uma fonte limpa, possibilitando assim a expansão da oferta de energia não só para a habitação, mas também para a atividade agrícola, para a atividade industrial, para impulsionar a economia. Essa é uma vertente importantíssima. Estamos colocando de um lado uma fonte de energia limpa que está atraindo indústrias para o Estado da Bahia e, ao mesmo tempo, também serve para estimular em cada local o desenvolvimento econômico.

Nós não conseguimos deslocar a atividade industrial ou comercial ou a atividade econômica para outros lugares do Estado se não ofertarmos energia. Por que historicamente os investimentos na Bahia se concentraram na região metropolitana de Salvador? Por conta exatamente da chamada infraestrutura. E energia é um dos pilares centrais dessa infraestrutura. Energia, comunicação, estradas e logística são elementos decisivos nessa competitiva batalha pela atração de investimentos.

Portanto, essa vertente da geração de energia é um passo significativo para que possamos desconcentrar a economia da Bahia, desconcentrando investimento na região metropolitana e pulverizando esse investimento por toda a Bahia, meu caro Gim Argello, para permitir, assim, a geração de emprego local.

Essa experiência começamos a viver, inclusive, com o Luz para Todos. A Bahia fez mais de 450 mil ligações de luz. Contratamos, agora, mais 150 mil, o que gerou emprego, porque as pessoas precisavam instalar postes, puxar fios, fazer toda a ativação, e uma linha de negócios, com a fabricação de postes no Estado – no ano passado, faltou poste – e também a contratação de mão de obra local.

Portanto, foram gerados postos de trabalho e não é à toa que conseguimos atingir, este ano, uma grande marca. Dos novos empregos gerados na Bahia, 60% ocorreram fora da região metropolitana de Salvador, numa demonstração clara do acerto da política: implantar uma ação de matriz energética; mexer na infraestrutura; impulsionar o desenvolvimento local; continuar aquecendo a economia; gerar trabalho e renda; aumentar o consumo local; e incentivar a atividade comercial e associá-la à agricultura (interrupção do som), Senadora Ana Rita, dos produtores da agricultura familiar, à merenda escolar; associar isso – como fizemos agora – à rede de turismo e à rede de supermercados, para que eles adquiram produtos da agricultura familiar. Com isso, vai-se diversificando e desconcentrando a atividade econômica.

Nesta quinta-feira, na Bahia, na cidade de Camaçari, vamos assistir à instalação de mais uma indústria que terá outra característica: ainda que implantada em Camaçari, o objeto central de seu esforço, de sua produção terá de se instalar no interior do Estado, em cada local.

É importante lembrar, Senador Moka, que essa política também resolve o problema crucial de adoção de medidas, para que possamos fazer a preservação dos nossos mananciais.

Portanto, temos, pela frente, o desafio de ampliar a nossa oferta de energia, para continuar estimulando o crescimento econômico. E, ao mesmo tempo, alimentando em cada cidade o potencial que cada uma tem, enxergando a proeza entre a produção agrícola, a diversificação da atividade econômica em várias regiões da Bahia. Esses locais a que estou me referindo aqui, por exemplo, que nós teremos em 2012, a região de Guanambi e Caetité, é uma região rica em mineral, principalmente ferro, onde nós teremos a principal usina de ferro de mineração e outras frentes e, ao mesmo tempo, servirá para alimentar a nossa grande obra, que é a ferrovia oeste-leste, que sairá do oeste da Bahia e chegará até o porto sul.

Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha a dizer na tarde de hoje.
Muito obrigado.

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