Por iniciativa dos senadores petistas Delcídio do Amaral (MS) e Walter Pinheiro (BA), a Comissão de Infraestrutrura (CI) vai iniciar o debate sobre dois temas que são fundamentais para consolidar o desenvolvimento econômico e regional do País. O primeiro é a atual situação do modal ferroviário, como as ferrovias de integração Transnordestina e Leste-Oeste; o segundo é a política da matriz energética.
Embora haja esforços governamentais, Delcídio do Amaral considera que o programa ferroviário brasileiro não está apresentando os resultados esperados. Na sua avaliação, o Senado precisa acompanhar com maior atenção a execução dos projetos e criticou a atuação da maior operadora ferroviária do País, a América Latina Logística (ALL), que estaria fazendo muita propaganda enquanto a situação na vida real é diferente.
Para Walter Pinheiro esse debate é importante porque irá potencializar regiões que nos últimos anos aumentaram sua vocação produtiva. A ferrovia Transnordestina que sai da Bahia para chegar ao Tocantins vai levar condições para que as cidades ao longo do trajeto melhorem suas condições sociais e econômicas.
Quanto ao debate em torno da matriz energética, Delcídio cobra maior clareza sobre a estratégia a ser adotada, seja nas fontes de geração hidráulica, eólica, solar, termelétrica, nuclear e a carvão. O senador mostra preocupação com os projetos aprovados de energia hidráulica – construção de hidrelétricas – que são, em sua maioria, pelo sistema de fio d’água, ou seja, não há reservatórios.
O Brasil, segundo ele, não tem mais usinas hidrelétricas com reservatórios, o que tecnicamente garante segurança de geração de energia em épocas de seca. As usinas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, todas a fio d’água, podem ter suas operações comprometidas se ocorrer um período de estiagem longo.
“Lamentavelmente o setor elétrico brasileiro não resiste ao modelo único de usinas a fio d’água. Tem alguma coisa errada associada ao quadro da matriz energética”, criticou, defendendo o potencial do País em gerar energia por diversas fontes.
Delcídio mostrou preocupação, ainda, com a recente decisão da Agência Nacional de Petróleo (ANP) que suspendeu o leilão para exploração de petróleo na plataforma continental. Na sua opinião, a Petrobras enfrentará dificuldades em participar os empreendimentos futuros por causa de seu limite de endividamento. A participação que a empresa terá de 30% em cada bloco exploratório, afirmou Delcídio, vai demandar a fonte adicional de recursos e as receitas não estão crescendo neste momento, o que é, para ele, um sério complicador.
As audiências públicas para debater os temas do modal ferroviário e da matriz energética devem ser agendadas a partir da próxima reunião da Comissão de Infraestrutura, na quinta-feira (26).
Marcello Antunes