PM reprime violentamente ato contra PEC 55 em Brasília

PM reprime violentamente ato contra PEC 55 em Brasília

Foto: Lula MarquesProtesto que começou de forma pacífica e democrática terminou com truculência. O ato em Brasília, liderado por movimentos estudantis e sociais, protestava contra a Proposta de Emenda à Constituição PEC 55, que limita os gastos públicos por 20 anos, e foi duramente reprimido pela Polícia Militar.

Mais de 40 mil manifestantes, em sua maioria estudantes secundaristas e universitários, se reuniram, no final da tarde desta terça-feira (29), na Catedral de Brasília, seguindo rumo ao gramado em frente ao Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios. O objetivo era fazer pressão nos senadores, que votavam a PEC 55 em primeiro turno, no Plenário da casa.

Durante todo o trajeto da Catedral até o Congresso, os manifestantes entoavam músicas, batuques e palavras de ordem contra a PEC e contra o governo golpista de Michel Temer. Tudo de maneira pacífica, democrática e plural.

Ao chegar em frente ao espelho d’água da Esplanada, a música foi substituída pelo som das bombas de gás lacrimogêneo e das balas de borracha atiradas pela Polícia Militar do Distrito Federal.

A multidão se dispersou para fugir dos efeitos do gás. Mas o que se viu foi ainda mais repressão. A PM continuou avançando para cima dos manifestantes, que recuaram de volta à Catedral.

O estudante Elano Freitas, de Salvador (BA), foi um dos atingidos pela ação da Polícia.

“A PM, é isso que ela sabe fazer. Reprimir estudante, reprimir trabalhador. Nós estamos nas ruas pelos nossos direitos, estamos nas ruas pela educação, pela saúde. Essa é nossa única bandeira, e essa Polícia Militar assassina está aí, reprimindo manifestantes que está lutando pelos seus direitos. Nós queremos o fim desse governo ilegítimo e golpista. Fora Temer”, conclamou com os olhos ainda sentindo os efeitos do spray de pimenta.

Presente no ato, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, repudiou a violência, classificada por ela como covarde e irresponsável.

“Fomos duramente reprimidos sem nenhuma justificativa. Quem está aqui hoje são estudantes de todo Brasil, pais de família, crianças, gente que não pode se defender e foi atacada. Queria denunciar o papel das autoridades e dizer que essa não é uma repressão isolada, o diálogo com a polícia de Rollemberg sempre é difícil, mas eu nunca tinha visto tamanha covardia como a de hoje, jogar tantas bombas em pessoas que protestavam pacificamente”, lamentou.

Para a vice-presidenta da UNE, Moara Correa, estudantes de todo o Brasil se mobilizaram para fazer parte da manifestação.

“Viajaram até mais de 40 horas para estarem em Brasília e dizer para Michel Temer e para esses senadores também golpistas captura-de-tela-2016-11-29-as-21-02-12Foto: Lula Marquesque nós não vamos admitir nenhum retrocesso na educação, que a juventude brasileira não vai ficar calada e parada diante do avanço do conservadorismo”, afirmou.

A líder estudantil garantiu que a resposta dos jovens será continuar as ocupações nas escolas e nas universidades. “Vamos ocupar também o Congresso contra essa PEC e contra o governo ilegítimo de Temer”.

Temer quer acabar com a educação e com o futuro da juventude brasileira, avaliou a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes.

Segundo ela, “a pluralidade do movimento estudantil fez com que todos os outros estudantes, organizados ou não, viessem a Brasília para cobrar a conta de Michel Temer e dizer ‘não’ à PEC 55 e principalmente, não a esse governo”.

Nota da Bancada do PT

A bancada do PT na Câmara emitiu nota de repúdio aos atos de violência contra os manifestantes. Leia abaixo:

“A Polícia Militar do Distrito Federal reprimiu violentamente nesta terça-feira (29) estudantes que protestavam contra a PEC 55 e a Medida Provisória 746/2016, que desmonta o ensino médio brasileiro.

A Bancada do PT repudia veementemente a violência contra os manifestantes e atribui toda responsabilidade desses fatos a Michel Temer, que já devia ter retirado de tramitação a MP 746 bem como excluído a educação do corte de gastos da PEC 55.

A Bancada rechaça a justificativa do governo do DF de que havia provocadores infiltrados para legitimar a repressão. Cabe ao Estado identificar infiltrados e provocadores, para contê-los e garantir manifestações democráticas dos cidadãos. Rechaça igualmente as acusações a movimentos sociais.

Reiteramos apoio à luta do povo brasileiro contra a PEC 55 e aos estudantes contra a MP 746.

Afonso Florence (BA)

Líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados”

Agência PT de Notícias

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