População negra já não aceita passivamente o racismo, diz Bairros

O aumento das manifestações de racismo registradas em situações do dia a dia é decorrente da insatisfação de uma minoria com o processo gradual de inclusão da população negra, atualmente em curso no Brasil. A análise é da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros. “A presença das pessoas negras em lugares onde normalmente ou historicamente elas não frequentavam aumenta esse tipo de reação”, afirmou ela, em entrevista ao programa Bom Dia Ministro.

“Muitas vezes as pessoas se chocam quando veem o racismo colocado explicitamente, mas é essa cara feia mesmo que ele tem. Há até bem pouco tempo, essas manifestações eram reprimidas, escondidas. Hoje, nenhuma mãe de criança negra aceita mais que sua filha ou seu filho seja discriminado sem denunciar isso”, afirmou Bairros. 

A ministra destacou o papel do Ministério Público, “sempre uma porta aberta para o acolhimento de denúncias”. Ela lembrou que a Seppir tem uma Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial, que pode ser acessada por telefone (61- 2025-7000) também para receber reclamações sobre casos de racismo.

Mercado de trabalho

Apesar dos avanços conquistados pela população negra, Luiza Bairros lembra que as mulheres negras ainda têm sua presença no mercado de trabalho muito concentrada no trabalho doméstico: dos sete milhões de brasileiros ocupados no setor, seis milhões são mulheres, em sua maioria afodescendentes. 

“Temos que fazer um investimento no combate a posturas discriminatórias no mercado de trabalho e em educação, para que os negros se coloquem em posição de disputar posições mais valorizadas”, avalia a ministra. Atualmente, a diferença do rendimento médio entre negros e brancos se deve ao fato de a maioria dos trabalhadores negros estar inserida em ocupações cujo salário é menor.

A ministra acredita que o crescimento do acesso da população negra à universidade — condição importante para a alteração desse quadro — caminha de maneira satisfatória. “Temos um bom caminho andado, no que se refere às cotas no ensino superior no Brasil. O nosso trabalho, agora, tem sido estender o acesso também ao emprego. Esse processo tem começado pela reserva de vagas nos concursos públicos”. 

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