O senador Jean Paul Prates (PT-RN) afirmou nesta quarta-feira (27), em entrevista ao Jornal PT Brasil, que a forma como o governo de Jair Bolsonaro tratou a Petrobras foi “criminosa” e que, se nada for feito para mudar o tipo de gestão, a empresa acabará destruída.
“Os acionistas deveriam olhar a Petrobras e dizer: ‘Nossa, essa empresa está indo para o abismo’. Porque ela está puxando óleo do pré-sal, cada vez mais; não tem projeto de transição energética nenhum; vendeu o pé dela no mercado brasileiro, que era a BR Distribuidora; vendeu os gasodutos que davam a ela vantagem competitiva; vendeu refinarias e estão tentando vender, aceleradamente, mais três ou quatro, a preço de banana”, descreveu.
Segundo o senador, a Petrobras é tratada como uma vaca leiteira pelo atual governo, que a suga até morte. Enquanto outras petroleiras no mundo fazem investimentos para realizar uma transição energética nas próximas décadas, reduzindo a dependência do petróleo, a Petrobras vem distribuindo 100% de seus lucros e se desfazendo de seu patrimônio. “O que vai ser a Petrobras em 30 anos, quando esse petróleo do pré-sal talvez entre em declínio? Onde ela colocou investimento?”, indagou.
Da forma como tem sido gerida, a estatal perde sua função, que é utilizar o petróleo para alavancar o desenvolvimento social e econômico do país e se preparar para o futuro a médio e longo prazo, transformando-se em uma empresa de energia, e não só em uma petroleira.
O plano do PT
Tudo isso tem sido levado em conta na formulação de uma política energética a ser adotada no Brasil caso Lula vença as eleições, informou Prates.
Esse plano, disse, está sendo discutido com todos os partidos que apoiam a pré-candidatura do ex-presidente e também com especialistas em petróleo, energia elétrica e fontes de energia renováveis, uma vez que, hoje, o setor de energia deve ser pensado de forma integrada. “Hoje, esses três segmentos estão praticamente igualados em termos de importância para o futuro”.
Prates diz que o Brasil tem plenas condições de liderar a transição energética no mundo, uma vez que conta com uma matriz predominantemente limpa, que são as hidrelétricas. Essa realidade faz com que o país já esteja a meio caminho da transição energética ideal.
O que falta, em sua opinião, é variar mais as fontes, incorporando a energia eólica, solar, de biomassa etc., e aumentar o consumo per capta, que ainda é baixo.
“A gente precisa consumir mais energia para ter mais conforto. A gente ainda é mal iluminado, mal climatizado, mal transportado. Isso tudo exige energia, mas nós precisamos fazer isso de forma consciente, limpa, renovável, dando exemplo para o mundo. E, para isso, é preciso pesquisa”, disse.
Papel do Estado
E, para isso, o papel do Estado é fundamental, tanto para direcionar recursos para o desenvolvimento tecnológico quanto para regular o setor, impedindo a disparada dos preços, como vem ocorrendo atualmente, tanto com os combustíveis quanto com a conta de luz.
Afinal, sem energia abundante e barata, nenhum país tem condições de crescer economicamente e socialmente. “É importante que o Estado acompanhe, intervenha quando necessário, crie elementos de compensação para períodos críticos”, argumentou.
Hoje, ressaltou o senador, um discurso dogmático tem enganado os brasileiros, tentando convencer a população de que o Estado não precisa regular o setor energético. “Esse não é um setor qualquer, como fabricar sapato ou vender hambúrguer”, alertou.
Exemplo disso é o caso das refinarias, que estão sendo vendidas por Bolsonaro com a desculpa de que isso ajudará a aumentar a competitividade e reduzir os preços. Trata-se de uma mentira, avisou Prates, pois cada refinaria tem monopólio sobre o mercado da região em que está presente. “É irreal falar em competição de refinarias”, concluiu.