Hoje é comemorado o Dia Mundial da Saúde, data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com intuito de promover a conscientização das pessoas sobre a importância de equilibrar o bem-estar físico, mental e social para a manutenção de uma melhor qualidade de vida. A data coincide com a criação da própria OMS, fundada em 7 de abril de 1948.
Neste ano a data ganha uma importância ainda maior devido à pandemia do novo cornavírus (COVID-19) que tem trazido desafios para todo o planeta, em especial, para o Brasil.
Em entrevista exclusiva para o PT no Senado, o líder da bancada Rogério Carvalho (SE), médico sanitarista, analisa os desafios enfrentados pelo País no combate ao vírus tendo como presidente da República um cidadão que minimiza os efeitos da doença que já atingiu mais de 1,1 milhão de pessoas pelo mundo e matou mais de 62 mil em todo o planeta, segundo dados da OMS.
No Brasil, de acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde, o País possui, até o momento, mais de 12 mil casos confirmados e 567 mortes. Em pronunciamento feito em cadeia nacional, semanas atrás, Bolsonaro chegou a classificar a doença como “gripezinha” e tem relutado em adotar as medidas de contenção do vírus recomendadas pela OMS.
“Temos que encontrar uma maneira, através dos governadores e lideranças dos demais poderes, de criar uma agenda sanitária, econômica e social para reduzir os danos da pandemia”, avalia o senador Rogério Carvalho.
Confira a íntegra da entrevista:
PT – O Dia Mundial da Saúde ganha uma importância ainda maior em decorrência da pandemia do novo coronavírus e as declarações do presidente Jair Bolsonaro tem ido exatamente na contramão do que prega a OMS para a contenção da pandemia e a preservação da saúde, um dos motes do Dia Mundial da Saúde. Qual a avaliação que o senhor faz desse momento?
Senador – Neste momento em que vivemos uma situação grave na saúde pública mundial por conta da pandemia, no Brasil vivemos algo ainda pior porque quem deveria liderar a mobilização dos recursos e dos meios para proteger a vida, que é o presidente, passa o tempo todo desarticulando e desorganizando as ações de enfrentamento do coronavírus. Temos que encontrar uma maneira, através dos governadores e lideranças dos demais poderes, de criar uma agenda sanitária, econômica e social para reduzir os danos da pandemia.
PT – A maioria das nações tem adotado e defendido as ações de confinamento horizontal, ou seja, com a adoção da quarentena em massa de cidadãos como medida efetiva contra a disseminação do vírus. O senhor que é médico sanitarista tem feito duras críticas ao governo. Para o senhor, qual o caminho deve ser adotado para que tenhamos uma mitigação dos casos no País?
Senador – A preservação da quarentena, a intensificação do isolamento social nos moldes que foram definidos no Brasil, a garantia da renda mínima para toda a população vulnerável, suporte às empresas e aos trabalhadores formais para manter para manter a nossa base produtiva apta à retomada da atividade econômica pós-pandemia.
PT – Na avaliação do senhor, qual o caminho para que possamos resguardar a população brasileira na tentativa de garantir uma melhor qualidade de vida e preservar a saúde dos cidadãos, como prega o Dia Mundial da Saúde?
Senador – Imediatamente é garantir renda para o povo. No passo seguinte, seguir as orientações da ciência no combate à pandemia no resto do mundo. As medidas de segurança estão amplamente disseminadas. E temos ainda, os exemplos dos outros países.
PT – O ministro da Saúde reconheceu que o Brasil depende de aproximadamente 95% de Equipamentos de Proteção Individual importados da China. O senador Paulo Paim relatou na última semana ter recebido queixas na Comissão de Direitos Humanos sobre a falta desses insumos nos hospitais brasileiros. Qual a importância de retomada do projeto do PT de incentivo à produção nacional, a exemplo do projeto que havia durante os governos do PT no setor naval?
Senador – A pandemia tem mostrado aos países a importância de ter um setor industrial diversificado com capacidade de atender a demanda interna de diversos segmentos para evitar o risco de desabastecimento em momentos críticos como estamos vivendo agora. Esta é uma face da globalização que deixa diversos países em situação de grande dificuldade para atender a sua própria população. O PT enquanto governo, soube investir na indústria naval, na aeronáutica, petroquímica, entre outras, e na saúde, estimulou a incorporação de tecnologia na produção de medicamentos em laboratórios públicos. Ou seja, executou políticas que trouxe ganhos reais para os brasileiros.