Na semana que passou perdemos o professor Antonio Cândido, que sempre defendeu a justiça social e os direitos do povo. Defensor firme do socialismo dizia que devíamos lutar incansavelmente: “Você tem que agir todos os dias como se fosse possível chegar no paraíso, mas você não chegará. Mas se você não faz essa luta, você cai no inferno”.
Suas palavras são incentivos para a resistência e luta que temos de fazer no Brasil neste momento. Interesses fortes e poderosos voltam-se contra os interesses e direitos do povo. É isso que estamos vendo com as propostas de Reforma Trabalhista e Reforma da Previdência que tramitam no Congresso Nacional.
Passado um ano do golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff do poder, vemos claramente o motivo que tiveram seus algozes: implantar um novo programa de governo, liberal, onde os interesses das corporações financeiras, do oligopólio midiático, das empresas que querem recompor lucratividade a qualquer custo se sobrepõem a qualquer projeto de Nação e das necessidades populares.
O Estado precisa ser enxuto, ter poucas obrigações sociais para poder pagar os serviços da dívida, os juros que remuneram os títulos públicos brasileiros, disputados interna e externamente. Também as riquezas nacionais são dispensáveis, se elas puderem trazer alta rentabilidade para grupos que podem ganhar com sua venda. Assim está acontecendo com a Petrobras e com o pré-sal, acontecerá com nossas terras a serem vendidas a estrangeiros, com nosso espaço aéreo.
Neste contexto, para essa gente, reduzir gastos com os trabalhadores, através da reforma trabalhista, e com benefícios sociais, através da Reforma da Previdência, sãos questões fundamentais.
A Reforma Trabalhista já chegou ao Senado e, como de praxe, o governo quer rapidez na sua aprovação. Essa é a única forma deles conseguirem êxito. Uma discussão mais aprofundada, e com tempo, da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência inviabilizaria atingir os objetivos que pretendem. Ninguém sustenta essa discussão sem um imenso desgate, o que já está acontecendo e cada vez mais se avolumando.
Quem está propondo, apoiando e vai aprovar essas reformas tem todos os privilégios trabalhistas e previdenciários. No setor público tem estabilidade no trabalho, salários altos, benefícios com alimentação, saúde e moradia, além de desfrutar de férias corridas. No setor privado, ninguém é pobre, todos têm boas condições de vida. Portanto, se o povo, que vai perder, não se mobilizar e lutar, o pessoal que tem privilégios vai vencer.
As mobilizações que tivemos em março, assim como a greve geral do dia 28 de abril foram importantes para despertar a consciência social para o que o país está vivendo, mas não serão suficientes para barrar essas reformas. Precisamos de mobilização e luta permanente, assim como falou o professor Antonio Cândido, para não cairmos no inferno.
Venceremos esses retrocessos, bem como esse governo entreguista, nas ruas, ao lado dos movimentos sociais, sindical e populares. Esse é o caminho que temos!