Governo estima que participação do país suba de 1,36% para 1,5% este ano, facilitando a meta de 1,6% até 2014
Fatores como o baixo dinamismo das economias mais maduras e alta recorde nas cotações das commodities neste ano podem ter um efeito positivo para o Brasil: o de elevar sua participação no comércio mundial para algo próximo a 1,5% — hoje é de 1,36%.
A estimativa é de Ricardo Schaefer, secretário-executivo-adjunto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), para quem esse aumento tornaria mais próxima a meta de 1,6% até 2014 que consta do Plano Brasil Maior.
“Mantida a previsão de 20% de alta no comércio mundial feita pelo Fundo Monetário Internacional, cremos que nossa participação poderá aumentar”, diz.
Entre janeiro e setembro, a corrente de comércio (soma das importações e exportações) brasileira chegou a US$ 357 bilhões, um recorde histórico para o período e 28,1% superior ao da mesma etapa de 2010.
Mas, apesar de positiva, a maior presença nas transações comerciais do planeta pode ser apenas provisória, alerta o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
“É um crescimento não planejado porque depende muito mais dos preços das commodities do que de uma ação efetiva do governo impulsionando a venda de manufaturados”, diz.
Ele cita China, Coreia do Sul e Índia como exemplos de aumento nesse tipo de participação que foram se consolidando e não ficaram ao “sabor de mercado”.
Em1980, o comércio desses três países correspondia a 0,89%, 0,86% e 0,42%, respectivamente, do total negociado no planeta.
No ano passado, a parcela chinesa foi de 10,35%, a sul-coreana, 3,06% e a indiana 1,42%.
“Embora a Índia tenha uma participação semelhante a do Brasil, exporta produtos de alto valor agregado”, diz.
“Os três países têm uma ação efetiva de governo.
O Brasil cresce apenas por fator externo”, afirma Castro.
Por isso mesmo é que ele considera que a participação brasileira não se mantenha no ano que vem, quando a balança comercial passará a sentir com mais intensidade o peso da queda nas cotações dos produtos básicos.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, admite que o fator preço exerce um papel importante para as exportações brasileiras.
“Isso é inegável, mas não quer dizer que a quantidade exportada não esteja crescendo”, disse, dando exemplos como o de ferro gusa, cujo volume embarcado subiu 65% e o preço, 18%.
Mas, para as commodities como minério de ferro, soja em grão, café em grão e milho a realidade é bem diferente.
A variação de preço desses produtos foi bem superior ao aumento da quantidade vendida.
O preço do café, por exemplo, subiu 61% e o volume de grãos exportados, 4%.
Câmbio
A recente valorização do dólar frente ao real também vai influenciar os resultados da balança comercial.
Por um lado, o encarecimento do dólar pode fazer com que as importações cresçam menos.
Mas, por outro, eleva as exportações.
No entanto, segundo a secretária, esse impacto só deve ser visto de maneira mais expressiva daqui a três meses.
“A partir do ano que vem veremos isso de forma mais acentuada.
Vivemos um momento de oscilação considerável e precisamos aguardar”.
O governo não considera revisar a meta de vendas externas deste ano, elevada para US$ 257 bilhões em agosto.
Até setembro, os embarques somam US$ 190 bilhões, com alta de 30,4%, e os desembarques, US$ 166,96 bilhões.
Brasil Econômico