Presidentes de federações propuseram, entre outras coisas, a revisão da distribuição das cotas de TV aos clubesA Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar irregularidades na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e na realização da Copa do Mundo FIFA 2014 voltou a se reunir, nesta terça-feira (29), para ouvir sugestões dos presidentes das federações estaduais de futebol. Na oportunidade, foram ouvidos Castellar Modesto Guimarães Neto, da Federação Mineira de Futebol e Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.
Para o representante do futebol mineiro, uma das alternativas para tornar o futebol nacional mais atrativo e nivelado, reclamação feita pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), seria a revisão do formato de distribuição das cotas de televisão.
No modelo vigente, a partir de 2016, Corinthians e Flamengo receberão 170 milhões de reais. São Paulo, 110 milhões. Já o Cruzeiro, sétimo na lista, receberá 60 milhões.
Segundo Castellar, o modelo de distribuição de cotas adotado pela Inglaterra poderia servir de exemplo para as próximas negociações entre clubes e a TV detentora dos direitos de transmissão, atualmente, a Rede Globo.
Lá, 50% dos recursos são distribuídos igualmente para todos os clubes da primeira divisão do campeonato nacional (Premier League), 25% são divididos de acordo com o rendimento técnico da equipe e outros 25% são distribuídos seguindo critérios de potencial de audiência de cada clube.
“Envolvemos aí critérios como meritocracia, critérios como demanda e um critério justo de uma parte razoável e igualitária entre todos os clubes. É claro que diferenças vão sempre haver. Eu não consigo imaginar uma situação em que todos os clubes recebam a mesma quantia da televisão, mas, se nós pudermos diminuir essas diferenças, eu acho que já seria um grande passo”, disse.
Possibilidade de mudança na presidência da CBF
O presidente da CPI, senador Romário (PSB-RJ) lembrou que, de acordo com o estatuto da CBF, caso o atual presidente da entidade Marco Polo Del Nero deixe o cargo por algum motivo, o sucessor natural seria Delfim Peixoto, presidente da Federação de Santa Catarina. O senador relatou, durante a audiência, ter ouvido nos bastidores do futebol, uma movimentação para que se inviabilize a chegada de Delfim a presidência da CBF.
Em resposta, o presidente da Federação do RJ, Rubens Lopes refutou essa possibilidade. Apesar de ter feito oposição ao presidente Del Nero, segundo ele, e ter tentado viabilizar sua candidatura ao cargo hoje ocupado por Del Nero, ele garantiu que não existe a possibilidade de haver um golpe que impeça a chegada de Delfim ao cargo de presidente da CBF, em caso de vacância.
“Sou legalista. Se a lei é inadequada, que mudemos a lei. Fui opositor, tentei concorrer e, hoje, o estatuto é claro. No impedimento do presidente, assume o mais velho. Isso está previamente definido. Qualquer coisa diferente disso, é golpe. Mesmo que eu tenha divergências com Delfim, hoje, ele é o sucessor imediato. Qualquer coisa fora disso, é ilegal”, argumentou.
Com relação à escolha dos locais para realização dos amistosos da seleção brasileira, alvo de críticas nas audiências públicas anteriores, Rubens Lopes enfatizou que as federações estaduais não têm nenhum tipo de poder na escolha das cidades que abrigam os jogos do selecionado nacional.
“O Rio de Janeiro nunca foi consultado. Isso é prerrogativa da presidência da CBF. Essa é uma decisão personalíssima e, possivelmente, seja tomada em razão de interesses políticos, financeiros, que não passam por nenhum crivo das federações”, explicou.
Ausência de Del Nero nas reuniões da FIFA
O senador Donizeti Nogueira (PT-TO) lembrou que Marco Polo Del Nero, membro do Comitê Executivo da FIFA, esteve ausente das últimas viagens internacionais da seleção brasileira e das reuniões na sede da FIFA, desde maio deste ano, quando uma investigação sobre corrupção na entidade, coordenada pelo FBI, levou para a cadeia cartolas do futebol mundial, dentre eles, José Maria Marin.
Donizeti questionou se essa atitude do presidente da CBF não prejudica, de alguma forma, o futebol brasileiro.
“Ultimamente, o nosso presidente atual da CBF, não tem participado das reuniões da FIFA por um motivo claro. Ele está com medo de ser preso ao se ausentar do País. Isso realmente é prejudicial ao futebol”, disse Romário.
O senador petista ainda questionou os convidados, se o apoio que a CBF destina as federações estaduais, em forma de assistência financeira, não seriam uma forma de o presidente da entidade ampliar sua influência junto aos presidentes das federações.
“Esse é um dispositivo estatutário que é feito de forma oficial e igualitária. O Rio de Janeiro recebe esse auxílio e foi oposição ao atual presidente. Isso consta do balanço da federação, sob a rubrica ‘doações’”, argumentou, Rubens Lopes.
Próxima audiência
A próxima reunião da CPI do Futebol será realizada na próxima quarta-feira (7), às 14h30. Na oportunidade, serão ouvidos os presidentes de clubes de futebol.
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