Ex-ministro da Saúde do governo Lula, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a pressão que parte da população faz para voltar a ter uma vida normal é resultado direto do descaso e da incompetência do governo Bolsonaro. A declaração foi dada em debate com os ex-ministros Henrique Mandetta e Osmar Terra na noite desse sábado (9), dia que o país chegou à triste marca de 10 mil mortos por coronavírus. Para Humberto, a gestão do presidente que nega a ciência, sai às ruas todos os dias e cobra o fim da quarentena não consegue disponibilizar os meios para que os brasileiros consigam seguir em isolamento.
Ele citou que o governo não disponibiliza o dinheiro necessário às empresas pequenas, médias e grandes, os recursos prometidos a estados e municípios e também não consegue efetuar com sucesso o pagamento dos R$ 600 do auxílio emergencial, fazendo milhões de brasileiros enfrentarem frio, sol e chuva para sacar a quantia no banco.
“Todas essas medidas já foram aprovadas pelo Congresso Nacional, que vem fazendo a sua parte. O grande problema da pandemia no Brasil é que temos que enfrentar dois adversários: o vírus em si o presidente da República, que nega a doença e estimula o povo a sair de casa. A quebra do isolamento social é estimulada por Bolsonaro desde o começo da crise”, disse.
O senador ressaltou que Bolsonaro nunca se empenhou em favor da ciência e da tecnologia. “Muito pelo contrário. Vimos várias provas de como ele se empenhou em questionar os cientistas e professores de universidades brasileiras. O presidente não tem qualquer apreço pela questão. Se tivéssemos investidos mais, não há dúvida de que o cenário hoje seria diferente”, comentou.
Humberto criticou a gestão omissa e ineficiente de Nelson Teich à frente do Ministério da Saúde. De acordo com o parlamentar, em plena pandemia, o ministro não tem qualquer conhecimento do funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e promete medidas, como a compra de milhões de testes, por exemplo, sem sequer saber como o material irá chegar e como será disponibilizado na ponta do sistema.
“O SUS está salvando a vida de brasileiros, mesmo tendo perdido cerca de R$ 22 bilhões nos últimos três anos. Vencida a pandemia, creio que o país terá de ter uma visão diferente sobre saúde pública. Definitivamente, ela terá de ser prioridade”, ressaltou.