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Diversificação: diferentemente de outros períodos, a indústria também impulsiona a expansão do PIB brasileiro
Sob forte arrocho monetário, com uma taxa Selic fixada em estratosféricos 14,75% ao ano, a economia do país segue resiliente e em expansão. É o que atestam dados do Banco Central (BC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2025. De acordo com o BC, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), a “prévia” do PIB, registrou alta de 1,3% no período. Já o Monitor do PIB indica que a atividade econômica avançou 1,6% no primeiro trimestre ante o trimestre anterior, com ajustes sazonais.
O relatório do BC aponta que em março, a atividade cresceu 0,8%, surpreendendo, mais uma vez, os analistas de mercado. Na comparação com o mesmo mês de 2024, houve alta de 3,5% (sem ajuste para o período). A alta de 0,8% levou a prévia a atingir 109,9 pontos na série com ajuste sazonal, o mais alto patamar da série do BC iniciada em 2003. De acordo com o Banco Central, o indicador positivo foi puxado por altas na Agropecuária (6,1%), na Indústria (1,6%) e no setor de Serviços (0,7%).
De acordo com números não sazonalizados, sobre o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br registrou expansão de de 3,5%, enquanto no acumulado em 12 meses cresceu 4,2%.
O senador e presidente do PT Humberto Costa (PE) comemorou o resultado. “O Brasil surpreende o mercado financeiro com o sexto trimestre consecutivo de aumento do PIB”, destacou Costa, pela rede X. “Banco Central aponta que as riquezas do Brasil cresceram 1,3% no primeiro trimestre deste ano, um recorde histórico para o período. É Lula fazendo o Brasil avançar como nunca”, festejou o senador.
Monitor do PIB
Já o Monitor do PIB, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também divulgado nesta segunda, indica que a atividade econômica cresceu 1,6% no primeiro trimestre ante o trimestre anterior. Em março, segundo a FGV, na comparação com fevereiro, o crescimento foi de 1,3%, ambos os dados com ajuste sazonal. Na comparação interanual, a economia cresceu 3,1% no primeiro trimestre e 3,5% em março. A taxa acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre foi de 3,5%.
“A agropecuária, com forte crescimento de 12,2%, é o grande destaque no resultado do primeiro trimestre. Além disso, o crescimento de 1,3% no setor de serviços, atividade de maior peso no PIB, também colaborou para o bom desempenho da economia, aponta a coordenadora do levantamento, Juliana Trece. “Com isso, o resultado do primeiro trimestre reverte a tendência declinante da economia, que se observava desde o terceiro semestre de 2024”, acentua Trece, no relatório divulgado pela FGV.
A pesquisadora destaca ainda que, “embora a agropecuária tenha grande influência para o elevado crescimento, há certa disseminação em outras atividades, com diversos desempenhos positivos no setor de serviços”.
Mercado reduz projeção do IPCA pela 5ª vez
A despeito da política de aperto monetário, que não vem obtendo sucesso em segurar a atividade econômica, o mercado financeiro acena com projeções menos catastróficas quanto à trajetória da inflação. Pela quinta semana seguida, o Boletim Focus apontou para uma redução da inflação neste ano. Para analistas, o IPCA poderá se acomodar 5,50%, ainda distante do inflexível teto de 4,5% da meta perseguida pelo Banco Central (3%).
O que leva a questionamentos sobre as razões pelas quais a meta de inflação é tão rígida no Brasil. Em entrevista à Folha de S. Paulo publicada nesta segunda, o empresário Sergio Zimerman fez exatamente a mesma pergunta. “Quem disse que a meta de inflação tem que ser de 3% ao ano? E se fosse 4%? Não é melhor ter um país com 4% de inflação, mas que não esteja assassinando o varejo? Essa taxa de juros provoca asfixia”, desabafou o empresário.
Para Zimerman, dono do grupo Petz, “Selic em dois dígitos me lembra aquela famosa expressão: a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Sem dúvida, a Selic atual tem muito mais cheiro de veneno do que remédio”.
O empresário fez ainda uma comparação entre a inflação do país e os juros praticados: “Hoje temos uma inflação de 4%, 5% ao ano, mas adotamos uma Selic de 15%. Tenho severas dificuldades em entender o porquê de uma taxa de juros dessa magnitude”.
Com FGV