O chefe global da Grant Thornton Internacional, Ed Nusbaum, afirmou que os dados da pesquisa fornecem uma forte esperança de que a recuperação global se firma e isso é confirmado pela recente melhora dos mercados acionários. “O mais importante, o negócio nas cinco maiores economias do mundo – Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e Reino Unido – vimos aumentos enormes na confiança”, disse ele, para acrescentar que a expectativa de novos investimentos subiram 30 pontos percentuais nos Estados Unidos, para 66%; na China a alta foi de 16 pontos percentuais, para 38%; no Japão a alta foi de 11 pontos percentuais, para 17%; na Alemanha o aumento foi de 14 pontos percentuais, para 65% e no Reino Unido a alta foi de 12 pontos percentuais, para 83%.
E o Brasil nessa pesquisa, como ficou? Bom, no site internacional da consultoria, que revela o otimismo das empresas com a retomada do crescimento da economia mundial, o País tem um percentual de 36%. Mas, na avaliação do presidente do braço da consultoria no Brasil, Artemiro Bertholini, os empresários brasileiros estão entre os que se mostram mais pessimistas com o futuro. O detalhe é que 46% das companhias consultadas informam que vão ampliar seus investimentos em máquinas e equipamentos. No texto do jornal, a informação é que a pesquisa ouviu 12.500 empresas de 45 países. Entretanto, a pesquisa retratada por Ed Nusbaum ouviu 3.300 empresas, como está no documento Internacional Business Report.
A conclusão que se tem é que há uma diferença nas argumentações entre a matriz inglesa, otimista com a retomada da economia global e a subsidiária brasileira. Mesmo reconhecendo o potencial do mercado consumidor, formado por 200 milhões de brasileiros, Artemiro Bertholini diz que, embora os empresários entendam que medidas de estímulo como a redução do IPI sejam apenas paliativos, existe a percepção de que a curto prazo as operações das empresas podem ser beneficiadas.
Ora, desde o lançamento do programa Brasil Maior e a confirmação de que mais de 56 setores da economia continuarão com as desonerações tributárias, o desempenho tem melhorado e os crescimento do PIB do Brasil supera o das economias maduras e que enfrentam dificuldades para sair da crise. Outro ponto fora da curva entre as análises da consultoria reside justamente no percentual próximo a 20% da taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e dos investimentos feitos pelas empresas. Há uma dificuldade para reconhecer que o Brasil está com uma taxa de desemprego abaixo de 4%; que a geração de novos postos de trabalho tem agregado empregados com maior qualificação e maior escolaridade e que há crédito barato para os investimentos.
Para Bertholini, a vocação do Brasil “é para commodities, não para alta tecnologia. Isso não quer dizer que não teremos fábricas no Brasil. Significa apenas que o centro decisório estará em outro país”. Na reportagem do Valor Econômico desta terça-feira (24), ele ainda acrescenta que a baixa escolaridade no Brasil restringe o desenvolvimento de indústrias de ponta.
O pessimismo presente nas declarações de Bertholini, como ocorre com o derrotismo de outros “analistas”, entretanto é desmentido. No mesmo Valor Econômico, encontra-se a notícia com o fato concreto que assegura a injeção de R$ 300 bilhões em projetos de infraestrutura no Brasil, entre os anos de 2015 e 2017. Nota: quase todo o dinheiro para as obras está contratado. Não é uma projeção, mas uma evolução de investimentos dos últimos anos que os pessimistas ignoram, ou não querem ver para não prejudicar seu candidato.
Quando assumiu o governo, a presidenta Dilma Rousseff recebeu investimentos das concessões correspondentes a R$ 54,1 bilhões. Para este ano, as concessões vão injetar na economia R$ 86,6 bilhões; sobem para 93,3 bilhões em 2015; R$ 102 bilhões em 2016 e R$ 104 bilhões em 2017. E esse levantamento é conservador, de acordo com o secretário de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda, Pablo Fonseca. Ao jornal, afirmou o seguinte: “em dezembro estive na Ásia e agora no Oriente Médio e a avaliação é de que há muito interesse no Brasil. A imagem é muito menos negativa do que possa se pensar”, disse. Portanto, conclui-se que todas as pesquisas, estudos e levantamentos feitos por consultorias devem ser lidos com cuidado, para que o efeito pretendido não jogue contra e afugente futuros clientes.
Marcello Antunes