Procura por títulos brasileiros desmontam tese de que economia vai mal

Arno Augustin, secretário do Tesouro, aponta que são sólidos os fundamentos da economia brasileiraEm audiência pública na Comissão Mista de Planos, Orçamento Público e Fiscalização (CMO), realizada na manhã desta quinta-feira (18), o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, minimizou as opiniões dos analistas econômicos de pintam quase diariamente uma situação de que a economia do país estaria à beira de um abismo. Para Augustin, o exercício da crítica é visto com naturalidade, pela democracia de respeitar a manifestação de cada um. “No entanto, as previsões catastróficas são desfeitas quando observamos elevada demanda pelos títulos do Tesouro, cada vez com juros menores e prazos mais longos”, afirmou.

Augustin deu essa resposta a um questionamento feito pelo senador Waldemir Moka (PMDB-MS). Ele criticou as análises feitas pelos economistas e publicadas nos jornais mostrando para a sociedade versões que caem por terra quando os números do governo são apresentados. “Agora falam que o desembolso do seguro desemprego e do abono salarial cresce. Acontece que as análises são diferentes dos números. Onde está o caos? Porque a impressão que eu tenho é que há muita manipulação da mídia e dos analistas”, disse Moka.

Sobre o aumento dos gastos com o pagamento do abono salarial e do seguro desemprego, Augustin disse que alguns fatos contribuem para formar uma explicação: 1) o aumento da formalização da mão de obra implicou no aumento natural do número de trabalhadores que passam a ter direito ao abono salarial, pago até para quem ganha dois salários mínimos; 2) a rotatividade dos trabalhadores, que agora podem se dar ao luxo de encontrar outro emprego com maior facilidade do que antes, justifica o aumento das requisições do salário desemprego.

“O governo estuda a possibilidade de promover algumas mudanças, mas qualquer iniciativa com certeza não irá prejudicar os trabalhadores”, disse Augustin.

O deputado Izalci (PSDB-DF), que parece não ter percebido que as eleições já passaram e seu candidato foi derrotado nas urnas por Dilma Rousseff, disse que o secretário e o governo de maneira geral deveria ser mais humilde e transparente, e ele – Augustin – deveria estar presente mais vezes na CMO, como manda a legislação. Só que o deputado não percebeu que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) estava presente na audiência. Conclusão, foi obrigado a ouvir: “Faço uma saudação pelo trabalho de Arno Augustin no Tesouro Nacional, por ser diligente, por conduzir com responsabilidade as finanças do país. Lamento que foi vítima de calúnias e de injúrias e peço desculpas pela indelicadeza do deputado Izalci, até porque se não veio à CMO é porque a oposição obstruiu e evitou todas as reuniões que deveriam ter ocorrido durante o ano”, afirmou.

Gleisi acrescentou que o projeto que mudou a LDO em vigor para alterar o resultado fiscal não significa um fim em si mesmo, ou seja, havia uma meta de atingir um superávit primário (economia maior do que despesas) que teve de ser revista, para menos. “Isso ocorre em qualquer país do mundo. Aliás, a economia brasileira tem bons fundamentos, reservas elevadas e tanto a dívida líquida quanto a dívida bruta em relação ao PIB estão em níveis menores do que eram em 2002”, disse ela. “E isso diz muita coisa”.

O deputado da oposição, então, voltou a fita e repetiu que a economia está ruim. Lendo uma dessas matérias que pintam um cenário tenebroso da economia, disse o não cumprimento da meta de superávit mostra descontrole. Desta vez foi o próprio secretário Arno Augustin quem deu uma aula a Izalci: “Imagino o que o deputado diria se observasse que o déficit dos Estados Unidos está negativo em 3,4%. Imagino o que o deputado diria sobre o déficit do Japão, que está negativo em 6,8%. A verdade é uma coisa importante e há versões que não são corretas”, disse Augustin.

Outra fato que os números reais desmontam as versões diz respeito ao ritmo de entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil. Este ano o montante deverá ficar próximo a US$ 65 bilhões, acima da entrada dos anos anteriores. “Nunca o ingresso de recursos externos foi tão alto, comprovando a solidez da economia brasileira”, afirmou.

Marcello Antunes

To top