Produção de antirretrovirais gera uma economia de US$ 97 milhões

O Brasil fabrica 10 dos 21 antirretrovirais distribuídos atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), graças a uma política implantada pelo Governo Federal. Essa medida, além de estimular pesquisas no setor de fármacos, ainda reduziu a importação de remédios protegidos por patentes,o que representou uma diminuição no custo dos medicamentos, permitindo ao País economizar 97 milhões de dólares, entre 2007 e 2011, segundo o relatório anual do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), divulgado na última quarta-feira (18/07).

A fabricação nacional e o acesso universal ao tratamento colocam ao Brasil como uma referência mundial no combate a doença. O coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, destacou essas “experiências positivas” desenvolvidas no País. “Desde os anos 1990, contrariando a visão do Banco Mundial, o Brasil adotou essa postura. Acreditamos que vamos alcançar o acesso universal até 2015 e parte dessa vitória é do Brasil”, afirmou.

Uma geração “livre” da aids e o “fim do estigma” que continua ligado aos portadores da doença, são os maiores enfrentamentos do mundo no comate ao HIV. Estes são os temas centrais da 19ª Conferência Internacional de Aids, que reuniu, nesta semana, em Washington (EUA), chefes de governos e ativistas para discutir estratégias de prevenção e tratamento do vírus.

O relatório do Unaids revela que o financiamento internacional para o combate ao HIV/aids continua no mesmo patamar desde 2008, mas que houve um aumento, de 11%, nos investimentos domésticos dos países em desenvolvimento. No período de 2006 a 2011, o crescimento chega a 50%. “É um dos relatórios mais positivos que apresentamos nos últimos tempos”, afirmou o coordenador residente da ONU no Brasil, Jorge Chediek, em relação a avanços na cobertura e na distribuição de antirretrovirais, principalmente nos países de baixa e média renda.

Cientes dos números, os países ricos demonstraram uma preocupação com a disseminação da doença nas regiões mais pobres do globo terrestre, como, por exemplo, na África, e sinalizaram o aporte de mais recursos para financiar programas de atenção à Aids. O presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou uma doação de 150 milhões de dólares para reduzir a propagação do HIV nos países pobres.

E o presidente francês, François Hollande, disse que pretende “criar novos financiamentos suplementares” para os programas globais de luta contra a doença, por meio de um imposto sobre transações financeiras em vigor na França desde agosto. Hollande tentou estender, sem sucesso, essa taxa a nível mundial na última Cúpula do G20, considerando que neste momento de crise financeira, o compromisso das doações é indispensável.

Mas o governo espanhol, um dos mais afetados pela crise, parece não partilhar da mesma opinião do país vizinho. Na contramão do que disse Hollande, o presidente Mariano Rajoy anunciou, nessa segunda-feira (24), que a Espanha deixará de fornecer tratamento médico, inclusive acesso aos retrovirais, para imigrantes irregulares. Para a Sociedade Espanhola de Enfermidades Infecciosas e Microbiologia Clínica (SEMIC), a medida pode ser uma condenação de morte para, no mínimo, 2,7 mil pessoas. Especialistas acreditam que a medida poderá ter efeito contrário ao pretendido. Ao invés de levar as pessoas a deixarem o País, haverá, em um ano, o aumento de casos de pessoas infectadas pelo HIV.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há, pelo menos, 35 milhões de portadores do vírus HIV espalhados pelo Planeta. E desde o início da década de 80, quando a doença foi identificada, mais de 30 milhões de pessoas já morreram por doenças vinculadas à aids.

Catharine Rocha, com informações de agências online

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