Produtores de cacau pedem apoio para ampliar produção

O endividamento, a falta de crédito rural dos produtores e a tecnologia de produção pouco difundida são alguns dos obstáculos ao crescimento da produção de cacau no Brasil. Os produtores brasileiros, que já foram responsáveis pela segunda maior produção do mundo na década de 80, ainda não se recuperaram dos prejuízos causados pela vassoura de bruxa, a praga propositadamente inserida nas lavouras cacaueiras da Bahia que destruiu boa parte das plantações no início da década de 90. E agora pedem apoio do governo para ampliar a produção.

A situação da cacauicultura no País foi discutida com produtores, empresários e representantes do ministério da Agricultura, em audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) na última sexta-feira (27/04). Na ocasião, o presidente da Associação dos Produtores de Cacau (APC), Guilherme Galvão, destacou que um dos motivos para a produção nacional não ter se recuperado dos prejuízos da vassoura de bruxa é o grau de endividamento dos produtores. Ele explicou que os primeiros financiamentos para restauração da produção não produziram os resultados esperados, porque a praga não foi integralmente contida. Por isso, os agricultores não conseguem quitar as dívidas com os bancos.

Sem recursos para investir em tecnologia e aumentar a produtividade, os agricultores assistem a produção nacional ser substituída pela concorrência externa, vinda principalmente da Costa do Marfim e da Malásia. Pois, o consumo de chocolate cresceu significativamente nos últimos anos, tanto no mercado interno como no mercado externo. Atualmente, cerca de U$ 1,5 bilhão são gastos com importação de matéria-prima do cacau para processamento no País. Nesse sentido, o representante dos produtores ponderou que o Brasil não precisa voltar a ser o maior produtor de cacau do mundo mas, ao menos, conseguir ser autossuficiente no setor.

A preocupação foi compartilhada pelo diretor da Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Jay Wallace da Silva Mota. Para ele, é preciso incrementar a produção brasileira para conquistar o mercado nacional. “Temos todos os elos da cadeia: produzimos, processamos e consumimos cacau. Seria falta de senso se continuássemos exportando produto barato e importando chocolate caro”, argumentou.

O secretário-executivo da Associação de Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Walter Tegani, disse que há mais de uma década as empresas não conseguem fazer investimentos efetivos para ampliação da capacidade de processamento por não ter matéria-prima para trabalhar. E observou que se ampliarem o processamento, precisarão aumentar a importação do produto, já que o mercado interno não consegue atender.

“O mercado brasileiro é o único com boa produção, área para expandir, indústria processadora e mercado consumidor em crescimento. Nossa preocupação hoje não é procurar cliente, mas procurar matéria-prima para viabilizar a manutenção das indústrias e, no futuro, para ampliá-las”, lamentou.

Segundo Jay Wallace, o cacau é hoje produzido em seis estados brasileiros: Bahia, Pará, Rondônia, Espírito Santo, Mato Grosso e Amazonas, sendo a Bahia o maior produtor. A produção nacional, que já chegou a 400 mil toneladas por ano na década de 80, atualmente fica, em média, em 230 mil toneladas (dados de 2010). O mercado consumidor, no entanto, saltou de 300 gramas por pessoa em 2002 para 1,3 quilo por pessoa hoje.

PAC do Cacau
O Governo Federal já se mostrou sensível às dificuldades enfrentadas pelos cacauicultures e lançou, ainda na gestão do ex-presidente Lula, o PAC do Cacau – Plano Executivo para Aceleração do Desenvolvimento e Diversificação do Agronegócio na Região Cacaueira do Estado Bahia. A proposta viabilizava a renegociação das dívidas e a liberação de novos créditos à lavoura cacaueira, investimentos em projetos de diversificação, produção de biocombustíveis, apoio à agroindústria e a agricultura familiar e obras de infra-estrutura no sul da Bahia.

Com o vencimento dos prazos de adesão ao programa em janeiro de 2012, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisória nº 500/2011 que esticou a data limite para renegociação das dívidas de produtores até junho deste ano e estendeu os benefícios do PAC do Cacau a mais 3 mil produtores endividados. A MP estabeleceu prazo de 20 anos para quitação da dívida renegociada e aos empréstimos contraídos no PAC do Cacau.

Com informações dos portais Agência Senado e UOL Notícias

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