No documento “Volta Segura às Aulas”, divulgado esta semana pelo Partido dos Trabalhadores, é abordada a situação dos profissionais de ensino, categoria bastante afetada pelos efeitos causados pela pandemia da Covid-19 e pelo isolamento imposto diante da necessidade de preservação de suas vidas.
De acordo com o texto elaborado pelo partido, além dos problemas emocionais causados pelo afastamento de suas funções diárias e dos próprios locais de trabalho, os profissionais do magistério ainda têm de lidar com novas situações de trabalho para as quais muitos não estão preparados tecnicamente e tampouco recebem o apoio necessário do Poder Público. E ainda existe o problema da improvisação.
“Aqui não se trata apenas das dificuldades operacionais. Para além de toda dificuldade de conexões e de improvisos, outro nível de problemas, em que se revelam as pressões do setor privado, se apresenta na oferta de plataformas digitais completamente alheias aos projetos pedagógicos dos cursos e das instituições, com forte prevalência conteudista e pouca elaboração de tais conteúdos e conceitos”, analisa o documento.
Segundo a pesquisa “Trabalho Docente em Tempos de Pandemia” feita pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade federal de Minas Gerais (GESTRADO/UFMG) em consórcio com a CNTE – Confederação dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, “embora 83% dos professores possuam recursos, em casa, para aulas não presenciais, metade deles compartilha esses recursos com outras pessoas de suas residências. Essas adaptações de metodologias exigem muito esforço dos professores que têm buscado atender os desafios de uma prática pedagógica nova, não trabalhada pelas escolas e para a qual não possuem formação adequada”, informa o documento do PT.
Impacto na saúde dos profissionais
Para o PT, todo este quadro caótico vem impactando negativamente a saúde dos profissionais da educação que se esforçam para realizar com segurança e eficiência uma nova metodologia de trabalho que lhes foi imposta de forma abrupta.
Estudos demonstram que grande parcela de professores/as já apresentam quadros de adoecimentos frequentes em decorrência do trabalho de 20 e 30 anos de exercício, o que deriva em baixa imunidade na faixa etária de 50 anos ou mais – associados ao múltiplo emprego e acúmulo de jornadas, fatores que potencializam comorbidades; risco de contaminação advinda de possível proximidade física entre estudantes e profissionais, intrínseco ao funcionamento escolar.
O alto grau de compromisso para com o exercício de ensinar tem levado esses profissionais a enfrentar esse novo cotidiano, fazendo-os buscar formas e meios de atender os seus alunos. “O preço tem sido alto, posto que as inseguranças da pandemia os atingem e isso tem gerado ansiedades, temores e angústias – quadros de adoecimento mental e emocional”, afirma o documento.