Propinoduto: Eduardo Suplicy defende ampla investigação

Para o senador, é legítimo o PT cobrar investigação sobre o cartel montado em São Paulo para fraudar metrôs e trens. 

Propinoduto: Eduardo Suplicy defende ampla investigação

“Com o Ministério Público de São Paulo também
não tem sido fácil”, destacou Suplicy

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a ampla apuração das denúncias sobre recebimento de propina e superfaturamento nas aquisições de metrôs e trens em São Paulo. Para o senador, a mesma legitimidade que têm os partidos para demandar esclarecimentos sobre os atos dos governos petistas reveste também a cobrança do PT de investigar o esquema de corrupção que envolveria os principais próceres do PSDB e que já teria desviado cerca de meio bilhão de reais dos cofres paulistas.

Esta foi a resposta de Suplicy, nesta terça-feira (26), em aparte ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que teve seu nome citado no caso. Dizendo-se “mortificado em consequência da tristeza” causada pelas acusações veiculadas na imprensa, Nunes reclamou, da tribuna do Senado, do fato de o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ter determinado à Polícia Federal a apuração do caso. Segundo o tucano, “denúncia anônima não vale”. Suplicy apoiou a reivindicação do peessedebista de ter acesso ao documentos que deflagraram a investigação e explicou o episódio.

As denúncias contra os tucanos constam de documentos recebidos pelo então deputado estadual paulista Simão Pedro (PT) e encaminhados ao Ministério da Justiça. Suplicy relatou a conversa que teve com deputado estadual Simão Pedro (PT), na tarde desta terça-feira. Segundo ele, foi necessário acionar a PF, diante da impossibilidade de se aprovar qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias contra o PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo. “Com o Ministério Público de São Paulo também não tem sido fácil”, destacou Suplicy.

Vale lembrar que no mês passado, o Ministério Público da Suíça decidiu arquivar investigações sobre três suspeitos de intermediarem pagamentos de propina a agentes públicos do governo paulista por falta cooperação na apuração brasileira. O procurador da República em São Paulo Rodrigo de Grandis –, responsável pelas investigações sobre os negócios da Alstom no Brasil – alegou “falha administrativa” para não ter atendido.

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“Qualquer um que fosse ministro da Justiça
mandaria investigar denúncias desse teor”

Grandis não atendeu ao pedido – feito em 2012 – para investigar a movimentação financeira dos consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José Amaro Pinto Ramos, suspeitos de intermediar as propinas,  e também do ex-diretor da CPTM, João Roberto Zaniboni, que teria recebido US$ 836 mil (equivalentes a R$1,84 milhão na cotação atual) da Alstom na Suíça.

Aloysio Nunes repetiu os protestos das principais lideranças tucanas, indignado com a decisão do ministro Cardozo de mandar apurar o desvio de meio bilhão de reais de verbas públicas. “Qualquer um que fosse ministro da Justiça mandaria investigar denúncias desse teor”, afirmou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI). Ele lamentou que o Brasil “vivendo um período em que primeiro se condena e se leva para a imprensa”, para depois cuidar da investigação. O líder petista também defendeu o direito de Aloysio Nunes de conhecer o inteiro teor dos documentos que colocariam em dúvida a sua conduta, condenou os prejulgamentos e afirmou que “se houver alguma coisa” contra Nunes ele deve ter o direito de defesa.

“Do mesmo jeito que não acredito que um cidadão com a história do Genoino pusesse a mão em um real de dinheiro público, e a mesma consideração eu quero fazer a seu respeito”, afirmou, também em aparte ao tucano, o senador Roberto Requião (PMDB-PR). “É uma infâmia o que estão fazendo com V. Exª. Da mesma forma que a história do Genoino me deu suporte para dizer, publicamente, que eu não acreditava e não acredito que ele tenha posto a mão em um real de dinheiro público, quero dizer que a mesma impressão eu tenho de V. Exª”.

Cyntia Campos

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