Para além das pautas sobre democracia, justiça social e meio ambiente, a paz mundial esteve no centro do debate durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos, e com importantes avanços, como registrou o senador Humberto Costa (PT-PE).
“O Brasil voltou! Lula trouxe de volta o respeito internacional e recolocou nosso país em seu devido lugar: como potência política no cenário mundial”, escreveu Humberto ao compartilhar nas redes sociais imagem de Lula com outros presidentes e os dizeres: “Lula trabalha pela paz mundial. Presidente do Brasil fala com os Estados Unidos sobre plano de paz na Ucrânia. Líder da França apoia iniciativa e declara que seu país e Alemanha estão dispostos a dialogar”.
O senador também repercutiu a frase de Lula sobre o conflito da Rússia contra a Ucrânia, que completa um ano em 24 de fevereiro. “Eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra”, disse o presidente à CNN Internacional. “Essas sim, são as palavras de um verdadeiro estadista”, celebrou Humberto Costa.
O apoio do presidente francês, Emmanuel Macron, foi dado pelas redes sociais, como destacou matéria do portal UOL no sábado (11), dia em que Lula retornou ao Brasil. No post, Macron disse que já existe uma proposta de paz com 10 pontos apresentado pela Ucrânia e que seu país e a Alemanha, do chanceler Olaf Scholz — que visitou o Brasil há poucos dias — têm disposição para o diálogo.
G20 pela paz
O apoio das duas principais potências europeias à busca pela paz é fundamental para que a sugestão de Lula se concretize, mesmo que os dois países e os Estados Unidos estejam participando indiretamente da guerra ao fornecer armas, munições e equipamentos à Ucrânia na resistência à ofensiva russa.
Também no sábado, Lula detalhou a proposta em entrevista exclusiva à TV Globo. “Precisamos criar uma espécie de G20 pela paz. Criamos o G20 quando houve a crise econômica. [Agora] precisamos criar outro instrumento político de países que não estão participando de nenhuma atividade nessa guerra e conversar com eles. Primeiro, [o presidente da Rússia, Vladimir] Putin tem que entender que está errado fazer invasão territorial de outro pais e precisa voltar atrás. É preciso acabar a guerra para a gente conversar”, afirmou Lula, citando como possíveis integrantes México, Indonésia, China e Índia, além do Brasil.
Para o presidente brasileiro, o principal argumento para convencer Putin a suspender o conflito é exatamente sua longa duração. “Putin sabe que a guerra vai demorar muito, sabe que não foi fácil como imaginava. Agora temos esse argumento para convencê-lo a terminar a guerra”, disse.
Lula destacou ainda o histórico do Brasil na mediação para dar fim a conflitos, como aconteceu no Iraque e no Irã. ”Nós já tínhamos conversado com os Estados Unidos na guerra contra o Iraque, já tínhamos conversado com o Irã na questão do enriquecimento de urânio, então temos que colocar em prática toda a nossa experiência e convencer as pessoas que a única coisa que não interessa é a guerra. O resultado da guerra é destruição de patrimônio e de vidas humanas, que não serão recuperadas. Então, vamos parar e encontrar uma solução”, clamou.
Na mesma entrevista, o presidente informou que tratará do assunto com o presidente da China, Xi Jinping, durante a visita que fará em março. Em abril, Lula também terá um encontro com o chanceler russo, Sergey Lavrov, que solicitou uma visita ao Brasil. Além da agenda econômica, a retomada do diálogo pela paz estará na mesa. Apesar de não ter aceitado vender munições para a Alemanha enviar à Ucrânia, evitando assim participar da guerra indiretamente, o Brasil também mantém uma postura crítica ao considerar a Rússia um país invasor, conforme expôs a nota conjunta dos governos do Brasil e dos Estados Unidos a respeito do encontro entre Lula e Biden.