Para o senador, a reeleição desvirtua a igualdade de oportunidades entre os candidatos. “A reeleição, sistema que não é unanimidade nos regimes presidencialistas modernos, permanece como uma forma de subverter o princípio da alternância no poder, que é uma das características essenciais dos regimes democráticos”, argumenta Pinheiro.
Na análise de Pinheiro, outro ponto da PEC, a coincidência dos mandatos, além de reduzir os custos do processo eleitoral, assegurará maior sintonia entre as opções políticas da sociedade nos três níveis de governo, além de maior legitimidade aos eleitos. “A fixação de regras mais rígidas para o funcionamento dos partidos e acesso aos recursos públicos contribuirá para sua maior representatividade, caráter programático e capacidade de atuação na arena decisória, evitando a proliferação de legendas de aluguel ou criadas com características oportunistas”.
Segundo o senador Pinheiro, a iniciativa pretende “colocar na ordem do dia do Senado Federal, soluções eficazes para o aperfeiçoamento do sistema eleitoral brasileiro, com o fortalecimento da democracia, da representatividade dos partidos e a eficiência do processo político eleitoral, e que serão, em última análise, submetidas ao crivo dos próprios eleitores mediante referendo,” concluiu.
Confira aqui como ficam as próximas eleições a partir da proposta de Pinheiro:
Fim da reeleição – Segundo a proposta ficam inelegíveis no período imediatamente subsequente ao seu mandato o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito. Assim, para voltar a exercer o mesmo cargo, será preciso aguardar um intervalo de pelo menos cinco anos.
A PEC propõe, ainda, para viabilizar o fim da reeleição para cargos do Executivo e a coincidência das eleições, que os mandatos de todos os dirigentes e parlamentares passem a ser de cinco anos, em lugar de quatro. Assim, Presidente, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Distritais e vereadores terão mandatos de cinco anos.
Transição – As novas regras, porém, somente serão aplicáveis nas eleições para Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Distritais a ocorrer em 2018. Os Senadores eleitos em 2014 (um por Estado), e cujo mandato se encerraria em 2022, terão seus mandatos de 8 anos preservados, e ainda prorrogados até 31 de janeiro de 2024, assegurando, assim, a coincidência dos mandatos a partir da eleição que ocorrerá em 2023. Os senadores eleitos em 2018 teriam mandatos de somente cinco anos. Dessa forma, partir da eleição de 2023, a renovação do Senado Federal dar-se-á integralmente a cada cinco anos, assim como na Câmara dos Deputados, e não mais como ocorre hoje, onde a eleição renova, alternadamente, um terço e dois terços da composição do Senado.
Quanto aos Prefeitos e Vereadores, cujas eleições ocorrerão em 2016 e 2020, a PEC estabelece que os eleitos em 2020 terão mandatos de três anos. Assim, somente na eleição de 2023 a regra terá sua aplicação plena para todos os cargos eletivos.
Data da Posse – A data da posse dos eleitos para os cargos do Poder Executivo será também alterada, deixando de ocorrer em 1º de janeiro, feriado nacional. A nova data passa a ser o primeiro dia útil subsequente.
Mandatos das Mesas – Em consequência da alteração para 5 anos, os mandatos das mesas diretoras dos legislativos terão duração diferenciada. Mantida a posse dos parlamentares em 2 de fevereiro, as Casas elegerão as respectivas mesas para mandatos de 3 anos e, dois anos depois, para mandato de 2 anos. Quem houver exercido o mandato de 2 anos poderá, como ocorre atualmente, ser reconduzido para o primeiro período da legislatura seguinte.
Fundo Partidário – Quanto ao fundo partidário, somente terão direito aos recursos, bem como ao acesso à propaganda eleitoral gratuita, os partidos que tenham obtido, na última eleição para a Câmara dos Deputados, pelo menos cinco por cento dos votos apurados, não computados os em branco e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de 3% do total de cada um deles, e que tenham eleito pelo menos um representante para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal na eleição imediatamente anterior. Assim, partidos que não tenham pelo menos um representante, ou que, mesmo tendo eleito representantes para qualquer das Casas do Congresso, não tenham atingido esses percentuais dos votos apurados, não poderão ter acesso aos recursos públicos. Trata-se de uma “cláusula de barreira” que visa inibir a pulverização do sistema partidário e do acesso a esses recursos.
Como regra de transição, nas duas eleições gerais subsequentes à entrada em vigor da PEC, fica assegurado o direito aos recursos do fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito aos partidos que tenham obtido, na eleição para a Câmara dos Deputados, três e quatro por cento dos votos válidos apurados, respectivamente, nas eleições de 2018 e 2023, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de três por cento do total de cada um deles.
Partidos – A PEC define, ainda, como requisito para o funcionamento dos partidos, o registro de diretórios regionais em metade mais um dos Estados. A Lei Eleitoral em vigor exige, para caracterização do caráter nacional dos partidos, apenas que o seu pedido de registro tenha o apoiamento de eleitores em número correspondente a, pelo menos, meio por cento dos votos válidos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuído em pelo menos um terço, ou mais, dos Estados, e em cada um deles deve haver o apoio de um décimo por cento dos eleitores que tenham votado. Assim, além desses requisitos, que não serão afastados, o partido deverá também comprovar o seu regular funcionamento em pelo menos 14 Estados, em lugar dos 11 atualmente previstos na legislação ordinária.
Validação via referendo– A realização do referendo popular que será condição para a validação da PEC ocorrerá em 29 de outubro de 2016, ou seja, dois anos antes da realização da primeira eleição a ser afetada pelas novas regras.
Com essa proposta, Pinheiro pretende colocar em debate com o Congresso e a sociedade brasileira um tema de enorme relevância para o sistema representativo e em sintonia com as demandas da sociedade por mudanças. Outros temas, como o financiamento público de campanha, a proporcionalidade do voto e as próprias composições das Casas do Congresso Nacional, porém, não são objeto dessa PEC. “Trata-se de redefinir questões essenciais e estruturantes para a maior eficiência do sistema político e para a própria governabilidade dos país”, ressalta o senador.
“Frise-se, mais uma vez, que as regras de transição propostas permitirão uma adaptação gradual e sem traumas às novas regras. Nenhum dos atuais eleitos terá prejudicada a sua expectativa de direito ou direito adquirido”, destaca Pinheiro ao lembrar da regra de transição: “apenas o fim da reeleição teria efeitos plenos já a partir da eleição em 2018, no plano federal, ou 2020, no plano municipal”.
Conheça aqui a PEC e acompanhe a tramitação
Com informações da assessoria do senador Walter Pinheiro