Educação

Protagonismo jovem deve nortear Novo Ensino Médio, defendem debatedores

Na última audiência pública da subcomissão que trata do ensino médio, a força da juventude foi destacada como essencial para construir alternativas ao sistema do governo passado, implantado sem debate
Protagonismo jovem deve nortear Novo Ensino Médio, defendem debatedores

Senadora Teresa Leitão. Foto: Reprodução/TV Senado

A juventude brasileira deve ser protagonista na definição do Novo Ensino Médio. Essa foi a tônica do debate realizado nesta quinta-feira (3/8) pela subcomissão que analisa o tema, o último antes da apresentação do relatório final do grupo, presidido pela senadora Teresa Leitão (PT-PE). Vinculado à Comissão de Educação (CE), o colegiado foi criado para debater alternativas às mudanças no ensino médio impostas de forma unilateral pelo governo Temer e tocadas por Bolsonaro, gerando distorções e instabilidade no sistema público de ensino.

A necessidade de participação efetiva da população jovem foi destacada por Marcus Barão, presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve). “Nada que envolva jovens deve ser discutido sem o protagonismo de jovens”, defendeu.

Segundo ele, a atual geração é a que tem maior quantidade de jovens da história do país – são cerca de 50 milhões de pessoas entre 14 e 29 anos, como define o Estatuto da Juventude. “É uma grande oportunidade, uma grande potência”, afirmou, lembrando que, ao mesmo tempo, os desafios são proporcionais.

“Alguns dos piores indicadores sociais afetam especialmente a população jovem. A taxa de homicídios de jovens para cada 100 mil habitantes só é comparável à do Haiti e a de países em guerra. Para a população jovem, preta e periférica, chega a ser 11 vezes maior que a taxa da população branca”, alertou Barão.

Para o secretário de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino do MEC, Mauricio Maia, “a política de ensino médio tem que ser política de juventude, ou seja, o que se pensa para escola precisa ser inspirado e fundamentado nas necessidades de nossos jovens”.

“É muito comum que o jovem seja descrito como problema, esse é o diagnóstico, pois é o mais desempregado, é o que mais morre, mas a grande provocação é: vamos fazer um diagnóstico do jovem como potencial de solução?”, questionou.

Mauricio Maia considera essencial que o Novo Ensino Médio lide com um sentimento comum ao jovem de hoje, que vai além da desilusão, mas que ele denomina de busca de sentido.

“Dar sentido é conversar com jovens pensando em oportunidades. Qual o sentido da minha vida, de eu estar aqui? O que eu posso fazer pelo meu país, pela minha comunidade?”, disse.

Da creche à pós

Já o coordenador do Fórum Nacional de Educação (FNE), Heleno Araújo, vê a participação social como único caminho para que as diretrizes do governo federal cheguem de fato às escolas. Ele expôs a preocupação do fórum com uma visão sistêmica da educação, da creche à pós-graduação.

“Tratar do ensino médio é se preocupar com a formação inicial básica de nossos estudantes, que tem que ser fortalecida nos anos finais do ensino fundamental”, afirmou. “E que o ensino médio seja complemento para fortalecer essa formação e fazer a transição para educação profissional, formar para o mercado e oportunizar para todos. Ninguém pode ficar para trás, todos devem ter essa oportunidade”, afirmou.

A senadora Teresa Leitão agradeceu às mais de 30 participações da sociedade civil nos 10 debates realizados pela subcomissão. O relatório final será produzido pela senadora Professora Dorinha (União-TO).

“Temos uma convicção maior [sobre o assunto], mais bem fundamentada, baseada nas escutas, avaliações, análise de quem faz gestão, de quem dá aula, quem está na escola, pesquisadores”, disse Teresa, desejando que, ao lado da consulta pública realizada pelo MEC, o país possa encontrar a melhor alternativa para o Novo Ensino Médio.

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