Falcão: fascismo ameaça o Brasil, com o patrocínio da mídia oligopolizadaO presidente do PT, Rui Falcão, assina nesta segunda um novo artigo – Contra golpe, petista não foge à luta – fazendo uma breve análise das manifestações da última sexta-feira (18), no qual assinala o pensamento simplório de colunistas pagos pela mídia oligopolizada de que as centenas de milhares de pessoas que saíram às ruas em defesa da democracia “eram contra tudo e contra todos”.
Esse tipo de interpretação não é nenhuma novidade na história do Brasil. As poucas famílias que dominam a produção e distribuição de informação jornalística no Brasil sempre estiveram do lado oposto às das aspirações populares. Foi assim, quando se postaram contra o fim da escravatura, contra o salário mínimo, contra a reforma agrária – e a favor dos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio ou, como observa Rui Falcão em seu artigo, derrubaram João Goulart, para instalação da ditadura de 1964.
Leia íntegra do artigo do presidente do PT:
Contra golpe, petista não foge à luta
Mais de um milhão de pessoas saiu às ruas no último dia 18, em defesa da democracia, da legalidade, contra o golpe jurídico-politico-midiático em andamento. Os comentaristas do quanto pior melhor preferem valorizar a marcha do dia 13, uma manifestação contra tudo e todos, que agrediu inclusive muitos que patrocinaram e participaram do evento.
O que se viu e ouviu naquele dia foi uma repulsa aos políticos e, pior ainda, à própria política, um movimento assemelhado ao fascismo.
Pior, a multidão foi insuflada pela mídia monopolizada, que instiga a intolerância, o ódio e a violência – -como registrou a ampla cobertura, em contraste com o ato da sexta-feira, quando o discurso do Lula foi boicotado nas transmissões de TVs.
A ofensiva golpista não hesita em criar o caos no País para alcançar seu grande objetivo: depor a presidenta Dilma e assumir o governo sem eleições.
Diferentemente de outros períodos, em que os militares derrubaram governos populares, a tática atual, coordenada em todo o Continente, é o chamado golpe “constitucional”, em sintonia com setores do aparelho de Estado e apoiado pela grande mídia.
Ao contrário do que proclamam, quem garante a estabilidade e pode retomar o crescimento da economia é o governo Dilma. Foi este o sentido da nomeação do ex-presidente Lula como ministro-chefe da Casa Civil, para ajudar a presidenta e o País, cuja investidura não pode ser barrada por chicanas jurídicas e grampos ilegais.
Ë preciso que todos saibam: casuísmos e soluções artificiais, como as que são urdidas pelos golpistas, só acentuarão a crise, tanto no plano econômico, como no sistema político.
Como bem assinalou o sociólogo Gabriel Cohn em entrevista recente, “não vai mais que um passo” entre o que ocorre hoje “e regimes autoritários, que não precisam ter feição ‘fascista’ ou assemelhada, mas podem muito bem se ocultar sob o manto de uma democracia representativa com Legislativo conservador, partidos fracos, porosidade ao poder econômico e Judiciário centrado em funções repressivas. O Brasil está a beira disso, e a tarefa mais urgente é conter essa tendência”.
Para contê-la, é necessário prosseguir com a mobilizações, antes e depois do dia 31 de março, com o esclarecimento da população – que pode perder conquistas e direitos.
Também o nosso governo precisa ter iniciativas no plano econômico e ações politicas para romper o cerco em torno dele. Afinal, não é possível que emissoras de rádio e TV, concessões de serviço público, continuem, à margem da lei, propagando e organizando o golpe.
Queremos a paz, o diálogo, a concórdia e a tolerância entre todos os brasileiros (as). Mas, contra o golpe e em defesa da democracia, petista não foge à luta.
Rui Falcão é presidente nacional do PT
Agência PT