Lula costuma contar que a ideia do Partido dos Trabalhadores surgiu em fevereiro de 1978, quando o então líder sindical viajou a Brasília para entregar reivindicações dos trabalhadores aos deputados e senadores. Na capital, fez uma descoberta assustadora: dos 430 parlamentares que formavam o Congresso Nacional da época, apenas dois – Aurélio Peres e Benedito Marcílio – eram operários.
Ao ver o Legislativo dominado por uma elite simpática à ditadura militar, a conclusão de Lula foi a de que os trabalhadores e as trabalhadoras do Brasil precisavam de um partido. E a ideia se tornaria realidade dois anos depois, em 10 de fevereiro de 1980, em cerimônia realizada no auditório do Colégio Sion, no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Dois meses depois, em 19 de abril, Lula seria preso por organizar mais uma greve no ABC. No cárcere, receberia a notícia da morte de sua mãe, dona Lindu, e ali ficaria até 20 de maio, quando reconquistaria a liberdade para ajudar na construção de um novo Brasil.
O que o Brasil pode ser
O PT conseguiu seu registro oficial no TSE em 11 de fevereiro de 1982, mesmo ano em que elegeu seu primeiro prefeito, Gilson Menezes, em Diadema, na Grande São Paulo. Em 1986, o recém-criado partido elegeu 16 deputados federais, incluindo Lula. Operários ajudariam a escrever a nova Constituição brasileira, promulgada em 1988. Depois, o país sentiria o gosto da real democracia, ao ver um ex-metalúrgico, em 2003, e uma mulher, em 2011, se tornarem presidentes da República.
Quarenta e dois anos após a criação do PT, muita coisa mudou. Treze anos de um governo popular mostraram que o país pode crescer e se tornar a sexta economia do mundo ao mesmo tempo em que o desemprego cai e o salário mínimo e a renda dos trabalhadores sobem. Que o desmatamento pode ser combatido enquanto pretos e pardos entram na universidade. Que a responsabilidade fiscal pode ser feita sem impedir que o Brasil saia do Mapa da Fome.
Muita coisa mudou, mas muito ainda precisa mudar. O autoritarismo, os golpes e as prisões injustas, inclusive a de Lula, pela segunda vez em 2018, continuam a servir de armas contra a democracia. A diversidade da população brasileira ainda não está refletida no Parlamento. E os trabalhadores seguem enfrentando obstáculos para ter um vida digna devido a traidores da nação que continuam sabotando nosso futuro e nossa soberania.
No entanto, felizmente, duas coisas não mudaram: a vontade do povo brasileiro de exigir e buscar dias melhores e a disposição do PT e de Lula de participar dessa luta. Em 1980, o sindicalista deixou a prisão para ajudar na reconstrução da democracia. E agora, quatro décadas depois, o ex-presidente deixou a prisão e provou sua inocência para se dedicar à mesma tarefa.
A volta do esperançar
“Eu sou um homem de 76 anos, com mais esperança do que quando eu tinha 20. As pessoas falam ‘nossa, como você está motivado!’. Eu estou motivado porque eu tenho uma causa, e minha causa é fazer o povo deste país voltar a comer, voltar a trabalhar, voltar a estudar, voltar a sorrir”, disse Lula nesta quarta-feira, 9 de fevereiro, véspera do aniversário de 42 anos do partido, que será marcado, entre outros eventos, por ato político em São Paulo, às 18h, com as presenças de Lula, Gleisi, Dilma e Haddad. No evento, haverá o lançamento dos comitês populares de mobilização.
Lula tem esperança e é esperança. Hoje, todas as pesquisas mostram que a maioria da população pede seu retorno à Presidência. Uma prova de que tentaram, mas não conseguiram destruir o PT. Pelo contrário. O partido nunca esteve tão forte e vivo nos corações das brasileiras e dos brasileiros.
Como bem lembrou, recentemente, nossa presidenta nacional, Gleisi Hoffmann, o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras vive seu melhor momento dos últimos anos, sendo disparado o partido com o qual os brasileiros mais se identificam: “O PT e o presidente Lula tornam-se a esperança do povo brasileiro de conseguir reconstruir o Brasil e garantir de novo às pessoas o direito ao trabalho, à renda, à dignidade, como estávamos fazendo nos nossos governos. Nós voltamos a esse esperançar”.