De-mo-cra-cia. Era o que ecoava pela Avenida Paulista, neste domingo (31). Vestidas de preto, as pessoas marchavam contra o namoro do governo Bolsonaro com grupos fascistas, as ameaças a instituições democráticas, os passeios de helicóptero e de jet ski, as cavalgadas, o cala boca em jornalista e o descaso com a vida. Mas o que chamou a atenção foi a violência com que a Polícia Militar de São Paulo dispersou a manifestação. Nas redes sociais, os senadores do PT condenaram a repressão.
“O que nos choca é a reação da PM/SP contra o Brasil”, escreveu o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), no Twitter, ao postar uma foto que mais parecia um cenário de guerra: uma fumaça escondia prédios e pessoas. Bombas de efeito moral e spray de pimenta eram jogados contra os manifestantes pró-democracia. E, do outro lado da Avenida, um grupo de pessoas vestidas de verde e amarelo, que oferecia apoio ao presidente, era gentilmente conduzido quando rompia o espaço delimitado pela força policial, ainda que portando uma arma branca, como um taco de beisebol.
O senador Paulo Rocha repudiou o comportamento desproporcional dos policiais. “Defensores da democracia e da vida humana jamais serão calados por opressores. Nosso absoluto repúdio aos defensores do fascismo que tumultuam atos democráticos”, escreveu no Twitter.
Se por um lado o Estado agiu impetuosamente contra grupos populares que lutavam pela democracia; por outro, houve proteção a todas as manifestações fascistas. Na noite de sábado em Brasília, lembrou o senador Jean Paul Prates (PT-RN), houve uma passeata inspirada na Ku Klux Klan, uma organização terrorista norte-americana formada por supremacistas brancos. ”Precisamos pensar no futuro desse país”, ponderou Jean Paul.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) cobrou investigação contra esses movimentos fascistas. “É importante identificar quem organizou, quem dialoga com esses criminosos. Todos aqueles que não repudiarem os atos de fascismo são suspeitos. A omissão nesse caso é a traição da pátria. O Brasil não é fascista!”, afirmou.
A mobilização pela democracia foi organizada por movimentos populares, torcidas organizadas e trabalhadores. E certamente conta com o apoio de 70% da população que rejeita o modus operandi do atual presidente, segundo pesquisa Datafolha.