Escândalo

PT no Senado questiona silêncio do governo após áudio-bomba

Bancada repercute denúncia de que governo federal ofereceu cargos comissionados em troca do assassinato do Adriano da Nóbrega, ex-aliado da família Bolsonaro envolvido no caso Marielle Franco e no escândalo das "rachadinhas"
PT no Senado questiona silêncio do governo após áudio-bomba

Foto: Alessandro Dantas

Senadores do PT cobraram um posicionamento do governo federal e do presidente Bolsonaro diante da grave denúncia publicada nesta quarta-feira (6) pelo jornal Folha de S.Paulo vinculando diretamente o atual governo na morte do ex-PM Adriano da Nóbrega, envolvido no assassinato de Marielle Franco e no escândalo das “rachadinhas”.

O jornal teve acesso a interceptações telefônicas feitas pela polícia do Rio de Janeiro dois dias depois da morte de Adriano, em fevereiro de 2020. Numa das conversas gravadas, a irmã de Adriano, Daniela, conta a uma tia que o irmão sabia que seria assassinado por queima de arquivo e que já havia acontecido no Palácio do Planalto uma reunião oferecendo cargos comissionados no governo em troca da sua morte.

O áudio-bomba sacudiu o meio político. O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), cobrou do governo federal uma resposta à denúncia. “O silêncio impera no governo em meio a denúncias cada vez mais graves. Agora, segundo gravação da irmã do ex-PM Adriano Nóbrega, o Palácio do Planalto teria oferecido cargos comissionados pela morte do miliciano. Como diz o ditado, quem cala consente”, afirmou.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) lembrou do estreito vínculo de Adriano com a família Bolsonaro. “Escândalo! Uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Civil mostra a irmã do ex-policial militar Adriano da Nóbrega acusando o governo Bolsonaro de oferecer cargos comissionados para que o ex-capitão, que já foi aliado da família Bolsonaro, fosse morto”, afirmou.

O senador Humberto Costa (PT-PE) questiona: “Quem mandou matar Adriano?”

Amigo miliciano

Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-policial militar do Bope do Rio, está no centro de duas investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e também sobre o escândalo das “rachadinhas”.

Este último se refere ao esquema de corrupção desvendado no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que empregou por anos na Assembleia Legislativa a ex-esposa e a mãe de Adriano, que estão entre os funcionários-fantasma que devolviam o salário para o hoje senador.

Adriano também era apontado como chefe do chamado Escritório do Crime, um consórcio de matadores de aluguel que atuava na capital fluminense e do qual participaria Ronnie Lessa, também ex-PM, apontado como o executor da vereadora Marielle e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Lessa também morava no mesmo condomínio do presidente Bolsonaro.

Nóbrega era considerado ainda o líder da milícia em Rio das Pedras, zona oeste carioca, e ficou um ano foragido da Justiça por denúncias de grilagem de terras, extorsão e receptação, entre outros crimes. Ele foi executado no interior da Bahia numa operação da polícia militar.

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