A ordem no Partido dos Trabalhadores é reunir esforços para tornar mais evidentes as políticas públicas vencedoras adotadas pelo governo democrático e social dos últimos anos. Isso significa reforçar – e colocar em prática – orientação dada pela presidenta Dilma Rousseff durante a primeira reunião ministerial, na terça-feira (27) – e, internamente, ampliar a atuação da Agência de Notícias do PT.
Entre várias recomendações, Dilma foi categórica ao afirmar que “devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação sempre e permanentemente; reajam aos boatos; levem a posição do governo à opinião pública; não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre; sejam claros, precisos e se façam entender”, pediu.
José Américo entende que a ofensiva da comunicação contribuirá para compensar parte do desgaste provocado pela Operação Lava-Jato. Ao blog Poder Online, o secretário diz que há desequilíbrio no tratamento dado pela imprensa ao caso. Confira a entrevista:
A presidente Dilma Rousseff orientou ministros a se comunicarem mais e, em seguida, o PT passou a tomar uma série de medidas de comunicação. O partido segue a mesma orientação?
A orientação é clara para todos. O PT vai procurar, até o seu congresso, ser mais agressivo na comunicação. Vamos alterar o layout do nosso site e ampliar a atuação da Agência PT. Queremos que ela atue como uma agência de notícias de abrangência nacional, teremos correspondentes em oito estados. Onde não tivermos essa estrutura ligada ao diretório nacional, pediremos aos diretórios locais que produzam conteúdo.
Mas aí não é se comunicar e sim dar visibilidade a realizações do governo.
Nossa prioridade é sim mostrar realizações do governo. Por isso trazer os ministros para participar de hangouts, por exemplo. Precisamos dialogar melhor com essa juventude, com novos movimentos sociais. Vamos alinhar isso tudo numa reunião na próxima quinta-feira, antes da nossa reunião do diretório nacional, com todos os secretários de Comunicação do PT.
Mas a presidente não deveria se comunicar mais também? Ela está há mais de mês sem dar entrevista.
Acho que pode até ser positivo que ela fale mais com a imprensa, mas o mais importante neste momento é que os ministros falem. Que mostrem mais o governo, pasta por pasta. Eles viajam o Brasil todo, têm a mídia regional aberta para eles.
O estrago da operação Lava Jato na imagem do PT e do governo é cada vez maior. Dá para fazer frente a isso?
O mais importante nesse esforço é conseguir dar a versão do governo. Não da Lava Jato diretamente. Mas podemos dar uma versão mais transparente do que de fato é feito no governo. Está sendo concluída a transposição do São Francisco e isso não aparece em lugar nenhum. Há um esforço sólido para manter as conquistas sociais em uma situação econômica adversa. Deixar isso escondido é mais desgastante do que a Lava Jato, onde há divulgação desequilibrada. Até porque Paulo Roberto Costa também falou de Sergio Guerra (ex-presidente do PSDB). Ainda que ele tenha morrido, ele era coordenador da campanha de José Serra e a investigação aponta para um acordo que tiraria o PSDB da CPI da Petrobras. E isso não repercute na grande mídia da mesma maneira. Esse tipo de coidsa, não sei consegue rebater a contento. Mas temos que tentar rebater, o PT e o governo.
Onde entra a regulação da mídia nisso tudo?
Não muda nada. Porque a presidente pediu aos ministros um protagonismo de defesa do governo. E os grandes meios de comunicação vão seguir fazendo as mesmas restrições sobre o governo que sempre fizeram. Não é porque discutimos a regulação que o comportamento da Globo em relação ao governo vai mudar. Mas o mais importante é ter atitude. E nem todas as redes de TV do Brasil praticam monopólio de maneira tão acentuada.
O partido não corre o risco de bater cabeça com o PT na regulação da mídia?
O PT apoia o movimento do Fórum pela Democratização dos Meios de Comunicação, mas o governo pode ter posição diferente. Desde que estejamos de acordo no essencial. Governo deve se concentrar na parte antimonopólio, que para o PT também é mais importante. Pode abraçar também a discussão sobre a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Mas isso tudo está em discussão.
O senhor foi coordenador de uma das campanhas da Marta Suplicy. O que acha das críticas que ela vem fazendo ao PT e ao governo?
Uma critica como a feita pela Marta, embora a maioria do partido discorde, é um direito. O PT não proíbe que seus militantes debatam e façam um debate crítico. O que se demanda é alinhamento na hora do voto. E isso, Marta sempre respeitou.
Mas isso não atrapalha?
Claro que não é o melhor dos mundos. Mas o PT é um partido vivo. Um partido como o nosso nunca pode impedir a crítica. Somos um partido plural, vivo. Acho que ela fez críticas, mas isso não precisa necessariamente ser algo permanente, ela pode mudar de opinião. Seria melhor que não fosse como é hoje.
O senhor acha que ela sai?
Espero que não. Acho que ela tem um papel a cumprir dentro do PT. Tem perspectiva para 2018, pode até disputar governo. Marta foi ótima prefeita, ótima ministra. Acho que tem muita chance de ela continuar. Temos espaço para atuar politicamente, para 2018, nome muito forte.
Já tem gente até falando sobre refundação do PT outra vez.
Não tem cabimento. Respeito quem fala, entendo que eles querem dizer que devemos aperfeiçoar o partido. O PT tem mecanismo para combater eventuais malfeitos de seus militantes. Quem tiver problema ético vai ser expulso. Estamos sendo duros em relação a isso, por mais que tenham tentado implicar o partido na Lava Jato. Mostramos que recebemos doações legais e agimos no legal. Falar em refundação porque tem rejeição ao PT é uma ideia muito paulista. E em Minas, na Bahia, no Rio de Janeiro? Aqui (São Paulo), perdemos eleição, só isso. A rejeição ao PT vem de segmentos da elite e da classe media que não aceitam a quebra de hierarquia social que promovemos.
Com informações da Agência do PT e Blog Poder Online