As confissões do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot à revista Veja, relatando que chegou a ir ao Supremo Tribunal Federal armado para matar o ministro Gilmar Mendes e recebeu ofertas de Michel Temer e Aécio Neves para paralisar a Lava Jato; provocaram reações duras de dirigentes do PT.
A presidenta nacional da legenda, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse que os fatos revelam que as instituições brasileiras estão reféns do jogo de poder e das disputas corporativas e que isso tem comprometido o direito de defesa no país e colocado interesses pessoas acima da Constituição. “Lula tem sido a grande vítima desse sistema”, criticou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que a conduta de Janot é a forma mais bem acabada do modo de operação da Lava Jato, da qual o ex-procurador-geral é um expoente. “É o desprezo pela resolução dos conflitos dentro do Estado de Direito, o lawfare aplicado à vida pessoal”, criticou. “Foi uma assunção dos métodos que sempre nortearam essa turma no privado e no público”.
Humberto classificou como “assustadora” a confissão de Janot. “Imaginar que um procurador-geral da República entrou armado no STF determinado a matar um ministro da Suprema Corte é algo inacreditável”, comentou. “É a falência da civilização, é o fim do contrato social e do império da lei por parte de quem mais deveria zelá-los”.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) citou o ministro Gilmar Mendes e disse que a guerra à corrupção no Brasil tornou-se uma desculpa para a prática de procedimentos ilegais de agentes da lei, que interferiram na vida política nacional. “O combate à corrupção — justo, necessário e urgente — é refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder”.