O Partido dos Trabalhadores e suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal repudiam a falta de endosso do governo do Brasil à recente Resolução da Assembleia-Geral da ONU, a qual demanda uma ação global para acelerar rapidamente o desenvolvimento, a produção e o acesso à remédios, vacinas e equipamentos médicos para fazer frente ao novo coronavírus.
Vergonhosamente, o governo Bolsonaro foi um dos 14 governos em todo o mundo que não apoiou explicitamente essa imprescindível Resolução apresentada pelo México, e que mereceu a pronta aprovação de 179 países do planeta.
Voltamos a lembrar, tal como fizemos em nota anterior, que a única saída viável para a pandemia do Covid-19 é uma saída global, que contemple as necessidades de todas as nações do planeta e não deixe nenhum país para trás.
Nesse sentido, as ações e diretrizes da ONU e, particularmente, da sua agência especializada em saúde, a OMS, são essenciais para todo o mundo, notadamente para os países mais pobres e carentes de recursos. Querer monopolizar os recursos imprescindíveis para o combate à pandemia, como parecem intentar fazer alguns governos, é um grande desserviço a toda a humanidade.
Da mesma forma, repudiamos as inacreditáveis, estapafúrdias e vergonhosas declarações do ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, sobre o tema. Seguindo as mais toscas e sombrias tradições de um anacrônico macartismo, o chanceler bolsonarista argumenta que a pandemia representa um instrumento para a dominação comunista no mundo e que o globalismo, expresso nas Nações Unidas e na OMS, “substitui o socialismo como estágio preparatório ao comunismo”.
Essas agressões ao sistema das Nações Unidas, num momento tão delicado para a humanidade, fazem recordar até mesmo as manifestações feitas por notórios terroristas e inimigos da civilização, como Osama Bin-Laden, para quem a ONU era um “instrumento de crime”, o que acabou provocando a morte de Sérgio Vieira de Mello no Iraque, um autêntico diplomata comprometido com a razão, a civilização e a vida.
Por último, manifestamos nossos aplausos ao governo mexicano de López Obrador, por ter apresentado essa oportuna e meritória Resolução.
Deputada Gleisi Hoffmann, Presidenta do PT
Senador Rogério Carvalho, Líder da Bancada no Senado Federal
Deputado Enio Verri, Líder da Bancada na Câmara do Deputados