O presidente Jair Bolsonaro desautorizou o Ministério da Saúde, que havia anunciado nessa terça-feira (20) a compra de 46 milhões de doses da vacina contra o coronavírus produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com laboratório chinês Sanavac Biotech.
Para impedir este recuo, a bancada do PT no Senado e deputados petistas decidiram protocolar petição junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) no intuito de que o Executivo retome o acordo de parceria e aporte de recursos para aquisição das vacinas desenvolvidas pelo laboratório chinês em parceria com o Instituto paulistano, pois se trata de mais uma possibilidade de alcance da ansiada imunização, considerados os avanços da pesquisa chinesa.
Os senadores classificaram a atitude do presidente como “falta de conhecimento”, “egocentrismo” e “atentado contra a saúde pública”.
Para o senador Humberto Costa (PT-SE), médico e ex-ministro da Saúde, Bolsonaro coloca os interesses pessoais e ideológicos acima da vida dos brasileiros: “é inaceitável que o governo Bolsonaro trate a vacina contra Covid-19 de forma ideológica. O cenário que ele quer é de um país onde o povo passe fome e continue sendo fortemente atingido pela covid-19”. Segundo o senador, “seguimos sem ministro, sem vacina, sem um plano para sair da crise”.
Humberto Costa destacou que “Bolsonaro brigou para dar cloroquina ao povo e agora vai interromper a compra da vacina. Enquanto isso, a Covid-19 continua matando milhares de pessoas”.
O senador Jean Paulo Prates (PT-RN) lamentou o “egocentrismo” de Bolsonaro e disse, em suas redes sociais, querer “lembrar ao presidente que a população brasileira está acima de qualquer questão, principalmente política e ideológica”. O senador afirmou que “Bolsonaro deveria pensar mais na população e não enterrar as esperanças do povo brasileiro de um capítulo final para essa pandemia”.
Já o senador Paulo Rocha (PT-PA) lembrou que o presidente insistiu no uso da cloroquina, medicação de eficácia não comprovada contra a doença: “Bolsonaro publicou que o governo não comprará a vacina chinesa produzida com o Butantan. Para ele não existe razão para comprar imunizante sem eficácia comprovada. Porém, Bolsonaro já tentou diversas vezes emplacar a cloroquina no tratamento da covid19 sem comprovação científica”, destacou o senador.
Em comunicado oficial, a Embaixada da China em Brasília se posicionou sobre a produção de vacinas, sem citar o presidente.
“A China cumprirá o seu compromisso de tornar as vacinas chinesas num bem público global depois de se concluírem as devidas pesquisas e aprovações. Vai fornecer com prioridade aos países em desenvolvimento e fazer contribuição chinesa para garantir a acessibilidade e disponibilidade de vacinas aos países em desenvolvimento”, disse a missão diplomática.
E afirmou, ainda, no comunicado que “o desenvolvimento e pesquisa das vacinas chinesas contra a Covid-19 estão entre as mais avançadas do mundo, e quatro vacinas chinesas se encontram na terceira fase dos testes clínicos”.