O PT decidiu nesta terça-feira (17) que vai denunciar ao Ministério Público Federal a procuradora da República Thaméa Danelon, integrante do Ministério Público Federal e que tem relação próxima com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.
Reunião da bancada do PT no Senado e na Câmara decidiu oferecer denúncia contra a integrante da Lava Jato por conduta indevida. Ela teria atuado como assistente do advogado Modesto Carvalhosa para minutar o pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, integrante do Supremo Tribunal Federal.
Humberto Costa e os outros parlamentares do PT no Senado anunciaram que vão questionar o subprocurador-geral Augusto Aras na sabatina, na próxima semana, que será promovida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Aras foi indicado ao cargo de procurador-geral da República pelo presidente Jair Bolsonaro. “Ele terá de dizer se aprova ou não a conduta profissional da procuradora”, anunciou o líder. A indicação precisa ser aprovada pelo Senado.
A participação de Danelon na ação contra Gilmar Mendes veio a público na segunda-feira, 16 de setembro. O caso foi revelado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, que mantém um blogue no UOL e é comentarista da BandNews FM. Ele e o editor do Intercept Brasil, Leandro Demori, apontaram que Danelon teria atuado fora da lei contra Gilmar Mendes, que integra a Suprema Corte, por contrariar os interesses da força-tarefa. Ela foi convidada por Aras a assumir a coordenação da Lava Jato na PGR.
“É inadmissível que uma procuradora da República use de suas prerrogativas para auxiliar um advogado, parte interessada na defesa de interesses privados, para atuar contra um integrante do STF, independente da atuação do ministro da Suprema Corte”, cobrou Humberto Costa. “Isso viola o escopo de atuação dos procuradores e do seu papel como membro do Ministério Público Federal”, contestou. “É grave porque mostra um excesso cometido por um integrante da Procuradoria da República, cujo papel extrapolou a conduta e procedimento previsto em lei”.
O líder do PT disse que a procuradora extrapolou os limites de sua função institucional. “É grave que tais procedimentos sejam reiteradamente violados pelos integrantes do Ministério Público”, lamentou o senador. “Tudo tem sido feito pelos procuradores da Lava Jato ao arrepio da lei e da Constituição. Estamos diante de um quadro grave de Estado de Exceção no Brasil”.
Na semana passada, os líderes do PT no Congresso, senador Humberto Costa (PE) e deputado Paulo Pimenta (RS), além de outros parlamentares petistas, cobraram da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, procedimentos contra o que consideram abusos cometidos pelos integrantes da Lava Jato.
Eles estiveram com a chefe da PGR antes dela deixar o cargo, o que deve ocorrer nesta semana. Dodge mostrou-se sensível e diante de parlamentares do PT, teria manifestado preocupação com os rumos da democracia brasileira, que estaria sendo ameaçada por forças políticas. “É hora do Supremo Tribunal Federal conter os abusos e violações”, disse o líder.