Os avanços conquistados pelo Brasil em capital humano regrediram 10 anos, segundo um estudo inédito do Banco Mundial. Os retrocessos do governo de Bolsonaro são tão profundos que comprometem o talento de pelo menos 40% das crianças brasileiras.
Com a crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19, em apenas dois anos, o Brasil perdeu os avanços no acúmulo de capital humano de suas crianças. O estudo faz parte do Human Capital Project do Banco Mundial, lançado em 2018, e alerta os governos quanto à importância de se investir em pessoas.
“Em termos de saúde infantil, por exemplo, mais 3,5 em cada 10 mil crianças não sobreviveram até os 5 anos de idade em 2021, em comparação a 2019, no Sudeste do Brasil”, aponta o relatório. “Além disso, cerca de 80 mil crianças podem sofrer déficit de crescimento no Brasil devido à pandemia”
Na educação, as escolas ficaram fechadas por 78 semanas, um dos fechamentos mais longos do mundo. Consequentemente, a parcela de crianças que não sabem ler e escrever saltou 15 pontos percentuais entre 2019 e 2021, observa a instituição financeira internacional.
Conforme o Índice de Capital Humano, o Brasil caiu de 60% para 54% entre 2019 e 2021, voltando ao nível de 2009. “Em dois anos, a pandemia de Covid-19 reverteu o equivalente a uma década de avanços do ICH no Brasil”, observa o Banco Mundial.
O banco estima que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de bens e serviços produzidos por um país) do Brasil poderia ser 2,5 vezes maior (158%), se as crianças brasileiras desenvolvessem suas habilidades ao máximo e o país chegasse ao pleno emprego.