Mais um ministro se rende à sanha negacionista e irresponsável de Jair Bolsonaro com relação às medidas restritivas necessárias ao combate da pandemia da Covid-19. Agora foi justamente quem deveria ser o primeiro a se contrapor ao comportamento criminoso do seu superior: o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Em entrevista concedida ao canal no YouTube “Terça Livre”, comandado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos – que foi alvo da CPI das Fake News e é investigado pelo Supremo Tribunal Federal – o ministro da Saúde se manifestou contrário à obrigatoriedade do uso de máscara no combate à doença.
Beirando ao cinismo, que já se tornou uma das marcas do desgoverno Bolsonaro, Marcelo Queiroga afirmou durante a sua entrevista que “somos contra essa obrigatoriedade (do uso de máscaras). O Brasil tem muitas leis e as pessoas, infelizmente, não observam. O uso de máscaras tem de ser um ato de conscientização”.
A declaração vai contra o próprio posicionamento de Queiroga adotado assim que assumiu o Ministério da Saúde, em substituição a Eduardo Pazuello, outro negacionista que é investigado pela CPI da Covid-19 do Senado. Na ocasião, ele proferiu durante coletiva à imprensa a frase de que, diante da pandemia do novo coronavírus, o Brasil teria que se tornar uma “pátria de máscaras”, aludindo então ao slogan futebolístico de que em tempos de Copa do Mundo, o país se torna uma “pátria de chuteiras”.
Pelo Twitter, o deputado e infectologista Alexandre Padilha (PT-SP) também mandou um duro recado ao ministro e lembrou que o país já conta mais de 570 mortos pela pandemia. E, ainda mais grave, a crescente disseminação da variante Delta impõe a continuidade do uso de máscaras.
Marcelo Queiroga disse que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras. Ministro, NÃO SEJA MAIS UM JOGUETE DE BOLSONARO! Temos mais de 570 mil mortos pela Covid-19 por culpa do governo genocida que você faz parte e por discursos como esse, baseados na mentira e no oportunismo.
— Alexandre Padilha (@padilhando) August 18, 2021
A afirmação, no mínimo esdrúxula do ministro, provocou a indignação por parte de médicos e profissionais de saúde, principalmente de infectologistas que atuam diariamente no combate à doença e na divulgação de orientações básicas para a sua prevenção. A fala de Queiroga também provocou críticas fortes entre senadores integrantes da CPI da Covid-19 no Senado.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a aventar a possibilidade de se convocar o ministro pela terceira vez. “Não queremos convocar Queiroga pela terceira vez, mas parece que ele faz questão de vir aqui (na CPI). Por isso, não escutem o ministro da Saúde com essas asneiras que ele fala. Não escutem alguns representantes do MP. É lamentável ter que dizer para os brasileiros não escutarem o ministro da Saúde”, afirmou o senador.