“Quem criou o mensalão não tem moral para questionar o PT”

Jorge Viana (PT-AC)  alerta que o caixa dois não está diminuindo, mas aumentando e defende a reforma política para sanear os partidos



 “Estamos a duas semanas da eleição. E o que é que a gente vê? A velha, preconceituosa, elite brasileira se levantando. Não conseguem compreender, aceitar, que a mais Alta Corte de Justiça do País julgue. Não. Querem influir na composição da Corte. Querem decidir o calendário de julgamento da Corte. É isso que o Brasil está vendo. E querem agora conduzir o julgamento da Corte. Isso é um desserviço ao País”. A declaração é do senador Jorge Viana (PT-AC), que subiu à tribuna do Senado na quarta-feira, 18, para fazer a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele fez um alerta à sociedade para o jogo hipócrita que parte da oposição tenta fazer a partir de denúncias infundadas veiculadas pela revista Veja.

De acordo com Jorge Viana, a elite até hoje não aceita o fato de Lula ter alterado significativamente a realidade social brasileira, ao promover políticas públicas que tiraram milhões da miséria e projetou o país para uma posição que nunca antes foi alcançada. Daí a força do PT e de Lula, que têm a preferência da maioria do povo brasileiro. Segundo o senador, o problema é que uma parcela da elite é preconceituosa, intolerante com o PT e com Lula. “Não aceitaram que o Presidente Lula fez um ótimo governo. Querem atacá-lo agora como ex-presidente”, comentou.

Nesta entrevista, o parlamentar avalia que a oposição tenta reverter uma tendência já detectada em pesquisas: o risco dela naufragar nas eleições municipais. “Lamentavelmente, no Brasil, precisamos pedir por uma imprensa livre, porque parte dela está comprometida em assumir um papel que a oposição fracassou em tentar exercer. Para isso, contudo, não vale sabotagem. Não vale distorcer os fatos. Não vale querer destruir a imagem de uma figura como o presidente Lula”, critica.

A seguir, trechos da entrevista de Jorge Viana.

Senador, o país assiste ao julgamento do chamado “mensalão do PT”, e parte da oposição usa este fato para demonizar o partido e seus candidatos. Como o senhor avalia isso?
Jorge Viana – Acho que isso é um esforço para evitar a questão central: uma reforma na legislação para definir regras rígidas para evitar o caixa dois e estabelecer uma reforma política verdadeira. Disse na tribuna e vou esclarecer aqui. O Brasil está vivendo um faz de conta. O caixa dois não está diminuindo, está aumentando. O país vive um faz de conta de que nós estamos melhorando o processo de consolidação dos partidos. Não é o que está acontecendo. Nós estamos piorando. Há ainda muitos partidos cartoriais e a disputa eleitoral por conta de tempo de televisão custa caro. Os compromissos são assumidos antes da eleição, durante e após o processo eleitoral, do mesmo jeito que o PSDB inaugurou no Brasil em Minas Gerais. Eu espero que consigamos avançar nesse tema central para coibir a prática do caixa dois. Só com revisão do financiamento de campanha sairemos dessa armadilha.

O senhor acusou a oposição de querer usar o presidente Lula como bode expiatório, já que ele nunca foi acusado na denúncia oferecida ao STF pela Procuradoria Geral da República. Por que isso acontece agora?
Quem disse que o PSDB está na origem do mensalão não fui eu. Foi a imprensa. Não é uma denúncia do PT. Até porque o processo chegou a ir para o Supremo. Chamei a atenção na tribuna para o fato de que, misteriosamente, a ação foi desmembrada. Só uma parte dos réus está sendo processada pelo STF. O que eu comentei na minha intervenção, quando o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) me concedeu aparte, é que não dá para ouvir a história de que o mensalão surgiu com o PT. Não dá para ouvir lição de moral de quem não tem moral para dar lição a ninguém. Quem criou o mensalão não tem moral para vir questionar o PT.

E quanto às denúncias da Veja?
Usar a imagem do presidente Lula, buscando uma interdição prévia, numa história que não tem pé nem cabeça, é inaceitável. Querem tirar Lula da política? Isso, não. É golpe. Parte dessa elite conservadora tem todo o direito de criticar. Esses setores atrasados têm direito de não gostar do modelo petista de governar. Este não é o problema. O que não vale é fazer matérias, a partir de ilações, com declarações aspeadas que não se sustentam, inventando reuniões que nunca aconteceram. Lula nunca teve encontros com Marcos Valério. Quem publica uma mentira como essa, está agindo com a intenção deliberada de destruir a história do PT e a imagem de Lula. O partido teve erros e falhas, que precisam ser assumidos por quem os praticou e por todos nós, até para que não venham a acontecer nunca mais. Mas, repito, setores da imprensa conservadora não podem querer, sem amparo nos fatos, arrastar Lula para essa história. Volta e meia, Lula vira alvo central do esquema de contrainformação.

Por que Lula é o principal alvo?
Enquanto o ex-presidente esteve debilitado pelo câncer, nada se falou dele. Mas bastou Lula  se recuperar e voltar a participar ativamente da política, para ser deflagrada a perseguição do único objetivo pretendido: destruí-lo politicamente, o que não vão conseguir. Lula continuará sendo a grande pedra no sapato, porque seu governo conseguiu elevar o Brasil a um estágio de respeito e admiração – dentro do País e no mundo – que nenhum outro presidente da República conseguiu. Basta ver como cresceu a autoestima do brasileiro nos últimos anos. Ou então comparar o País que ele recebeu quando tomou posse e o que ele deixou para a presidenta Dilma. Para esses inconformados com os bons resultados conquistados pelo Brasil com o PT à frente do governo, Lula continua sendo o líder sindical que não bate o ponto há não sei quantos anos, e todo tipo de bobagem e preconceito que, volta e meia, reaparece na mídia. Chegaram ao absurdo de querer separar Lula de Dilma, como se não representassem o mesmo projeto político. Essa ação de intolerância contra Lula e o PT não é só por conta do nosso passado, mas também pelos feitos do atual governo. E, também pelo que representamos para o futuro. Temos os maiores líderes políticos do país: Lula e Dilma.

(Assessoria de Imprensa do senador Jorge Viana

 

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